Namoro virtual: o amor a um clique

9 de junho de 2017 Sara Glayce

“Eu já conversei com uma dessas minhas namoradas por nove horas seguidas, e nem sei como tinha tanto assunto”, relembra Igor Andrade. Ele, que é de Vitória da Conquista, já teve namoradas virtuais no Rio de Janeiro e Santa Catarina. Atualmente, vive mais uma experiência em que a internet está envolvida, conheceu a namorada no aplicativo de relacionamentos Tinder.

Juntos há, quase um ano, Igor conta que o relacionamento começou de maneira curiosa: com a frase “Deixa eu te conhecer?” no status ele deixou a namorada intrigada, ela então decidiu dar uma chance ao convite e marcou de se encontrarem em um shopping. “Às vezes você tem até sorte de encontrar pessoas legais, e se você tiver mais sorte ainda essa pessoa legal pode ser da sua cidade” comenta Andrade sobre a namorada.

Igor não está sozinho na saga de buscar e de se relacionar pela internet. Segundo pesquisa da GlobeScan para a BBC World Service, realizada  em 2010, quando foram entrevistados quase 11 mil cidadãos adultos em 19 países, destes cerca de 30% , ou uma em cada três pessoas que usam a internet, acham ela uma boa ferramenta para encontrar um parceiro. Foi identificado ainda que os homens (33%) são mais entusiasmados que as mulheres (27%) em encontrar um namorado (a) on-line e os jovens entre 18 e 24 anos são os mais animados (36%).

Como aponta a pesquisa e a história de Igor, namorar pela internet já é algo natural. Nela diversas pessoas podem interagir e conhecer gente de inúmeros lugares, que talvez jamais pudessem se encontrar no mundo real. Com isso, o nível de aceitação e procura por esse tipo de relacionamento tem crescido em todo o mundo, pois, além da facilidade que ela traz, o internauta tem a possibilidade de não se expor para começar uma paquera e ainda pode conhecer várias pessoas ao mesmo tempo.

As redes mais utilizadas para iniciar ou dar andamento a um relacionamento são as mais diversas. Facebook e Instagram e apps, como Tinder (para relações casuais), Grindr (no mesmo estilo do Tinder, mas para homossexuais), Wapa (para o público lésbico), Happn (estilo Tinder, e última novidade), e o Badoo (que era um site de relacionamento e hoje também é um aplicativo de paquera).

O casal de universitários Caroline Martins e André Perez também se conheceu na e por causa da internet. A diferença é que eles não foram a site ou aplicativos específicos para isso, mas se encontraram em um site que compara o gosto musical. Caroline conta que já sabia quem era ele há algum tempo, já que ambos tinham amigos em comum, mas que nunca haviam conversado nem se visto. Ela mora em Salvador, e ele, que é soteropolitano, mora, atualmente, em Campinas, São Paulo.

 

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Caroline e André já namoram há quase dois anos. Foto: Arquivo Pessoal.

“Um belo dia eu o vi lá e adicionei, na cara de pau mesmo, mas só que eu não falei nada. Ele me aceitou e puxou conversa. A gente começou a conversar, e eu falei que era amiga da amiga dele e do namorado dela. Ele veio para Salvador, e a gente se conheceu, já ficou e, depois, a gente já começou a namorar”, relembra Caroline. Desde então, Carolina e André conversam via Skype frequentemente e, a cada dois meses, se encontram pessoalmente.

Ela ainda diz que internet não só ajuda a manter o relacionamento, mas também a ajudou a conhecê-lo, uma vez que todas as informações estavam na rede social. Caroline acredita que seria muito difícil encontrar alguém com gostos tão compatíveis ao dela no mundo presencial e que ainda teria o inconveniente do tempo de conhecer a pessoa. “Na internet, você já sabe do que a pessoa gosta, o que vocês têm em comum e o que não tem, e isso facilita muito”, explicou Caroline.

Para ela, a desvantagem desse tipo de relacionamento está na distância, na impossibilidade de dividir momentos importantes da vida. “Por exemplo, o aniversário dele, a gente nunca conseguiu passar junto. No meu aniversário a gente conseguiu uma vez, mas dele este ano não vamos conseguir de novo”, diz. Por outro lado, Carolina considera esse um dos relacionamentos mais saudáveis que já teve.

Mais uma história que a internet ajudou a iniciar e também tem contribuído para manter o amor vivo é a do estudante de Direito Tarcísio Menezes, de Salvador, e de sua namorada Amanda Barroso, atualmente residente em Vitória da Conquista. Eles estudavam na mesma sala do mesmo  colégio, mas nunca tinham coragem de se posicionar. Foi então que a rede social deu uma ajudinha para engatar o início do relacionamento.  As conversas via chat entre os dois começaram aos poucos e, depois, atingiu uma frequência diária.

Depois de quase um ano de conversas, o casal resolveu se encontrar e, a partir de então, começaram a namorar. Tarcísio não achava que o relacionamento se transformaria em algo à distância, mas com a necessidade de Amanda em mudar de cidade, depois de conversar, mesmo distantes, decidiram por investir na relação e estão juntos há mais de três anos. Ele explica que, como a maioria dos familiares do casal mora em Salvador, fica mais fácil eles se encontrem de uma a duas vezes no mês. Segundo Tarcísio, “toda vez que ela sai ou que ela chega é uma chance de recomeço, é uma forma de dar a volta por cima, de reconquistar novamente!”.

A internet e suas ferramentas são parte do cotidiano. Das coisas mais simples, como a comunicação e informação, até as mais complexas, gerenciar a conta bancária, podem ser realizados a um clique. Nesse sentido, não é a surpresa nem novidade que o amor também possa ser encontrado no meio virtual, onde uma extensão da vida também acontece.

Foto destacada: Sara Glayce/Site Avoador.

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