Conheça a empreendedora de tapioca de Conquista

Mãe de três crianças, Arlete Lisboa Miranda chegou em Vitória da Conquista sem conhecer ninguém e hoje vende seus quitutes para uma clientela fiel 7 de agosto de 2021 Bethânia Guimarães e Lucas Nascimento

O sol nem nasceu e ela já está de pé. O relógio marca 5 horas, e Arlete Lisboa Miranda, 35 anos, já está em sua cozinha a preparar beijus recheados. A história dela começa em Iguaí, cidade onde ela nasceu, em 1986,  e de lá para cá, já passou por Itororó, Jequié e Vitória da Conquista, cidade onde reside atualmente. 

Antes de comercializar a iguaria tipicamente brasileira, Miranda já trabalhou como balconista e também como operária em uma empresa de calçados. Mas foi na cidade de Jequié, no ano de 2012, que sua vida teve uma reviravolta. Ela viu bater em sua porta o desemprego e, depois de muitas entregas de currículos e tentativas frustradas para achar um trabalho, encontrou na produção e comercialização de beiju um meio para sustentar a sua família.

A ideia para a venda do alimento surgiu de um membro da família e num primeiro instante a tapioqueira relutou em começar o seu próprio negócio. “Logo no início, eu tive muito medo e estava um pouco desanimada, por bater em tantas portas em busca de um trabalho e não conseguir nenhum. No final, tive coragem e iniciei o meu próprio negócio”.

Arlete Lisboa Miranda, vendedora de beiju recheado

Arlete Lisboa Miranda, vendedora de beiju recheado. Foto: Arquivo Pessoal

Há aproximadamente quatro anos, em busca de melhores oportunidades, ela e a irmã mudaram para Vitória da Conquista. Entretanto, um mês depois, sua irmã voltou  a Jequié e, por isso, Miranda se viu sozinha na capital do Sudoeste baiano. Porém, isso não a fez desistir. Aos poucos, com muito trabalho e muita fé, ela tem crescido e conquistado seu espaço na cidade.

Nada foi muito fácil para Miranda desde que chegou em Conquista. Logo no início, começou a vender suas tapiocas a pé, pois não tinha um veículo para se locomover. Esteve com contas atrasadas. Além disso, enfrentou muitos olhares maldosos e preconceito por parte de algumas pessoas. “Encontrei muitas dificuldades. Têm pessoas que olham para você com desprezo, com cara de nojo, chegam a ser mal educados”. 

Apesar desses momentos difíceis, Miranda não desistiu. Atualmente,  tem clientes  fiéis e também admiradores do seu trabalho pela cidade.  Por dia, ela vende em média 100 tapiocas, e sua maior alegria é voltar para casa com a vasilha vazia. “Sou grata a Deus todos os dias por isso!”

beiju recheado de Arlete Lisboa

Miranda vende cerca de 100 tapiocas por dia. Foto: Lucas Nascimento

Com a  venda de tapioca, ela sustenta sozinha a casa, paga o aluguel, e mantém os três filhos, duas meninas, uma de 15 anos, a outra, de dois anos, e um menino de um ano e dois meses. O trabalho também possibilitou a compra de uma moto, que é o veículo que lhe permite circular pela cidade sem depender de ônibus.   Por não ter uma renda fixa e carteira assinada e por manter os filhos na escola, Miranda tem contado ainda com o auxílio do Bolsa Família. “Eu tenho essa ajudinha pouca por fora, mas o que garante o meu sustento mesmo são as  as vendas do meu beiju”, explica. 

 Em meio a um sorriso, confessa à reportagem que tem projetos para o futuro. “Meu sonho é ter um local fixo, pois, a partir dele, irei realizar outros, como uma casa própria”. Enquanto isso, Miranda comemora as conquistas até o momento. “Me sinto totalmente realizada, porque rodando por esses lugares, eu conheço tantas pessoas boas, e só tenho a agradecer a Deus por cada uma que colocou no meu caminho”.

Foto capa: Lucas Nascimento

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