Conquista recebeu e aplicou lote da Coronavac suspenso pela Anvisa no sábado (04)

Em nota, o Instituto Butantan foi contra o alarmismo provocado pela medida da Anvisa, já que a vacina é segura 6 de setembro de 2021 Carolina Lapa e Catarine Ferraz

A Prefeitura de Vitória da Conquista recebeu, na última quinta-feira (02/09), e aplicou no mutirão de vacinação da sexta-feira (03/09), que foi destinado aos jovens de 20 a 22 anos, doses de um dos lotes da vacina Sinovac/Coronavac suspensos no último sábado (04/09) pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O lote utilizado na cidade foi o 202107102H. 

Na Bahia, o Ministério da Saúde entregou 575.980 doses da vacina Sinovac/Coronavac, sendo 571.280 em 1º de setembro e 4.700 em 27 de julho. Os quantitativos referem-se aos lotes 202107101H, 202107102H e L202106038. Desse total, 234.380 foram entregues a 294 municípios, entre os quais Conquista. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), todos já foram comunicados para interromper a vacinação dos lotes específicos da Sinovac/Coronavac. “As pessoas imunizadas com estes lotes devem aguardar a orientação do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI)”, orientou.  

A estudante de Direito de Conquista, Ana Luísa Botelho, de 20 anos, que esperou ansiosamente a vacinação da sexta-feira e até já havia tentado a Xepa da vacina diversas vezes, está preocupada. “Quando eu vi a notícia, fiquei sem acreditar. Pensei ‘e agora?’. Mas, até então, estou esperando, assim como todo mundo, uma posição do Ministério da Saúde, talvez até da Prefeitura.” 

Já a estudante de Jornalismo, Letícia Mendes, de 20 anos, que passou por uma longa fila para se vacinar, ficou angustiada em um primeiro momento, mas já está mais calma. “A princípio eu não entendi nada, só vi que meu lote estava ali no meio. Até que parei para ver as notícias, e fiquei um pouquinho mais tranquila porque alguns sites diziam que a qualidade da vacina não era uma questão que deveríamos temer.”

“Foi um misto de sentimentos e gratidão ao mesmo tempo, por saber que eu estaria tendo essa oportunidade de me vacinar em um país onde mais de 580 mil pessoas não conseguiram e morreram. A palavra que definiu aquele momento foi esperança por dias melhores, em que todos possam estar imunizados”, disse a estudante de Física, Priscila de Souza, de 21 anos, que ficou receosa após ter lido matérias sobre os lotes envasados, mas, como teve uma resposta imunológica muito boa, sem um efeito colateral, aguarda com tranquilidade mais informações.  

No sábado (03/09), a Anvisa proibiu de serem distribuídos e utilizados por até 90 dias 25 lotes da vacina Sinovac/Coronavac. Deste total, o Ministério da Saúde já havia distribuído 25 lotes para todo o Brasil, sendo três deles recebidos pela Bahia nos dias 27 e 1º de setembro. A medida preventiva publicada do Diário Oficial da União foi motivada pelo envase ter ocorrido em uma planta – local de fabricação –  na China, que não foi inspecionada e aprovada para Autorização de uso Emergencial no Brasil.           

Em nota, o Instituto Butantan foi contra o alarmismo provocado pela medida da Anvisa  e assegurou que os lotes da Sinovac, que produz a Coronavac na China, foram inspecionados e aprovados pela autoridade da China (NMPA) em março de 2021. “A Sinovac já envasou e embalou mais de 840 milhões de doses do imunizante, que foram enviadas para mais de 50 países. Ainda assegurou que apenas os lotes especificados não devem ser utilizados, os demais têm segurança, qualidade e eficácia comprada pelo Instituto, passando pelo controle de qualidade. O Butantan ainda informou que foi encaminhado à Anvisa há 15 dias toda a documentação necessária para a certificação do processo de produção em que foram feitas essas doses.  

Em entrevista ao Jornal Nacional, nesta segunda-feira (06/09),  a chefe do de Assuntos de Qualidade do Instituto Butantan, Patrícia Meneguello, confirmou que todos os lotes recebidos da China e da Sinovac são analisados, não só de forma documental, mas também o produto.  “Não há nenhum indício de problema de qualidade.”                                                                                               

De acordo com o Ministério da Saúde, as doses que já foram distribuídas e/ou aplicadas estão sendo rastreadas e serão monitoradas até que a Anvisa tome alguma decisão. Também orientou que os demais órgãos da saúde registrem as doses administradas nos sistemas de informação do SUS. 

O site Avoador entrou em contato com a Prefeitura de Conquista e Sesab para obter alguma posição a respeito do assunto, mas nenhum dos órgãos retornou o e-mail até a publicação desta matéria.  

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