Podem faltar seringas e algodão para a vacinação contra a covid-19 se o governo não se planejar

Como todos os países estarão disputando os materiais, pode haver alta do dos preços e comprometimento nas compras 9 de dezembro de 2020 Felipe Ribeiro

A vacinação contra a covid-19 no Brasil pode enfrentar problemas com a falta de insumos necessários para a aplicação das doses. Além de planejamento para distribuição e transporte dos lotes, a vacinação exige luvas, seringas, algodão e freezers de armazenamento do material. 

Como meta, a Organização Mundial da Saúde (OMS) pretende que 1,5 bilhão de pessoas sejam vacinadas no próximo ano e a maioria das vacinas com mais chances de serem aplicadas precisam de duas doses, o que dobra o número de vacinas e materiais.

Apesar do Brasil ter experiência com grandes projetos de vacinação, será um desafio realizar a vacinação contra a covid-19. As 38 mil salas de vacinação que, durante as campanhas de vacinas, como o sarampo, aumentam para 50 mil e 114 mil vacinadores, três pessoas em cada unidade de saúde, são os pontos positivos no país.

O problema é que os fabricantes dos insumos necessários para que a vacinação aconteça relatam não terem recebido nenhum contato do governo e estão em dúvida do que precisam fabricar para as futuras demandas. Tal preocupação é devido a questões importantes como a matéria prima que, como alguns dos componentes são importados e haverá uma disputa mundial por eles, pode haver falta de estoque e aumento de preços. Outro ponto preocupante é o atraso que pode ser gerado para iniciar as campanhas caso aconteça esses problemas de falta de estoque dos materiais.

Normalmente, são os estados os responsáveis pela compra dos insumos e encaminhá-los para os municípios. Mas, com a emergência da pandemia, o Ministério da Saúde já declarou que irá comprar e coordenar as ações.

Uma questão a se analisar é o tratamento que essas vacinas precisam ter para que sejam bem armazenadas. Elas precisam ser mantidas em uma temperatura de -75º C, porém, a maioria das câmaras frias dos centros de distribuição do Brasil chegam no máximo a -20º C. A Pfizer afirmou ter desenvolvido caixas contendo gelo seco para garantir que, durante o transporte, seja mantida a temperatura necessária.

No dia 1° de dezembro, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, disse que é “que nós queremos é uma vacina que seja registrada na Anvisa e que mostre eficácia e segurança necessárias”.

O doutorando na Universidade de Oxford, na Inglaterra, do brasileiro Ricardo Parolin Schnekenberg,  comentou no Twitter: “Fomos avisados hoje no laboratório para nos prepararmos para uma escassez de gelo seco, que será redirecionado para o transporte da vacina da Pfizer. It’s happening!”. 

Em outubro, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) declarou que iria comprar e deixar reservadas o total de 1 bilhão de seringas ao longo de 2021 e 5 milhões de caixas térmicas para o transporte das doses, além de um mapeamento completo da cadeia de frio disponível nos países subdesenvolvidos.

Fonte: BBC Brasil

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