Vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos deve ser retomada na Bahia após decisão da CIB

Em Vitória da Conquista, a vacinação deve ser iniciada assim que um novo lote de vacinas for recebido 17 de setembro de 2021 Carolina Lapa

Os 417 municípios da Bahia devem retomar imediatamente a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos contra a covid-19, independente de terem ou não comorbidades ou deficiência permanente. A decisão foi tomada na manhã desta sexta-feira (17/09) pela Comissão Intergestores Bipartite da Bahia, que é uma instância deliberativa do SUS e reúne representantes de todos os municípios baianos e do estado.                                                                                                                    

De acordo com  a secretária de Saúde da Bahia em exercício, Tereza Paim, a  medida é sustentada por evidências científicas e manifestações de diversas entidades nacionais e internacionais, incluindo, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “O Ministério da Saúde implementou unilateralmente decisões sem respaldo técnico e científico. Diferente da posição ministerial, a Bahia reuniu especialistas, a exemplo da presidente da Sociedade Baiana de Infectologia, Miralba Freire, bem como do diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antônio Bandeira. Ambos refutam a iniciativa do Ministério da Saúde de suspender a vacinação de adolescentes sem comorbidade ou deficiência permanente”.                                                                

Na quarta-feira (15/09), uma nota técnica do Ministério da Saúde recomendou a paralisação da imunização após uma jovem de 14 anos morrer em São Bernardo (SP) depois de tomar a vacina da Pfizer. Até o momento, não há uma investigação conclusiva sobre as causas das morte da jovem, o que invalida a correlação com a vacina sem uma comprovação científica. No entanto, a recomendação passou a ser apenas para os adolescentes entre 12 e 17 anos que tenham deficiência permanente, comorbidades ou que estejam privados de liberdade. Com isso, Salvador e outras cidades baianas, como Vitória da Conquista, suspenderam a vacinação do público.                                                    

Na quinta-feira (16/09), em coletiva para esclarecer o assunto, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga disse que a pasta não recomenda, neste momento, a vacinação dos adolescentes que não apresentem algum fator de risco. A orientação foi baseada, entre outros fatores, em evidências científicas que consideram o baixo risco de óbitos ou casos mais graves da covid-19 neste público. Entre os adolescentes, de 15 a 19 anos, que morreram por covid-19, 70% tinham pelo menos um fator de risco. Entre os mais de 20 milhões de adolescentes brasileiros, apenas 3,4% têm alguma comorbidade, de acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. Esse número representa cerca de 600 mil jovens nesta faixa-etária.

“O Ministério da Saúde pode rever a sua posição, desde que haja evidências científicas sólidas em relação à vacinação em adolescentes sem comorbidades. Por enquanto, por uma questão de cautela, nós temos eventos adversos a serem investigados. Nós temos essas crianças e adolescentes que tomaram essas vacinas que não estavam recomendadas para eles. Nós temos que acompanhar esses adolescentes”, disse o ministro.       

Em entrevista a GloboNews, o médico Drauzio Varella disse que o governo federal criou desculpas para parar imunização devido à falta de doses e que, por isso, prefere alardar que o imunizante tem problemas, como efeitos colaterais e mortes. “Essa informação é algo grave, pois pode ter um impacto devastador no Programa de Vacinações. Se você tem uma morte, tem que avaliar, tem que estudar, e a sociedade tem que ser comunicada quando já tiver um resultado. Sim, precisa saber, mas quando se tem certeza do que se aconteceu”.

A imunização de adolescentes com a Pfizer foi autorizada pela Anvisa no dia 10 de junho, após a apresentação de estudos desenvolvidos pelo laboratório no Brasil que indicaram a segurança e eficácia da vacina para este grupo. Entidades como o Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), também se posicionaram contrárias à decisão do Ministério da Saúde.                                  

Até esta sexta-feira, a Bahia vacinou 129.284 adolescentes com idade de 12 a 17 anos, sendo 109.704 sem comorbidades, 16.437 com comorbidades, 1.856 com deficiência permanente e 1.287 adolescentes gestantes e puérperas. 

A Prefeitura de Conquista, em publicação disse que a vacinação dos adolescentes sem comorbidades, escalonada por faixa etária, será iniciada na cidade assim que for recebido um novo lote de vacinas e a Resolução da CIB for publicada.

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