Argentina reconhece o cuidado materno como um trabalho

Em todo mundo, 42% delas não conseguem um emprego porque ocupam todo o seu tempo com o trabalho de cuidado e do lar 22 de julho de 2021 Mariana Costa

A partir de 1º de agosto, como anunciado oficialmente dia 13 de julho pelo Governo da Argentina, as mulheres com 60 anos ou mais, que até então não tinham completado os 30 anos de atuação no mercado para conseguirem a aposentadoria no Sistema Nacional de Previdência, poderão incorporar às contribuições os anos de trabalho dedicado ao cuidado dos  filhos.. Cerca de 155 mil mulheres terão direito a esse novo benefício, que valoriza os anos direcionados às atividades familiares.

A medida, que integra o Programa Integral de Reconhecimento de Serviço por Tarefas Assistenciais, foi apresentado por Fernanda Ravert, diretora executiva da Anses (Administração Nacional de Seguridade Social), quee é o órgão é responsável por assegurar que a população seja beneficiada pelas políticas públicas no país.

Segundo o jornal argentino La Nacion, o programa ainda permite somar:um ano de aporte por cada filho, como regra geral; dois anos por filho, em caso de adoção de uma criança ou adolescente menor de idade; dois anos se se tratar de um filho com deficiência; três anos caso tenha recebido o Subsídio Universal de Criança (Asignación Universal por Hijo – AUH) por 12 meses, consecutivos ou não. O benefício mensal é destinado a pais ou responsáveis que estejam desempregados ou tenham baixa renda.

Segundo a Rede Brasil Atual, a medida foi classificada como uma forma de reparação das desigualdades estruturais que as mulheres enfrentam ao longo da vida. Ao todo, a Argentina contabiliza aproximadamente 300 mil mulheres, entre 59 a 64 anos, que não têm acesso à aposentadoria por não terem o período completo de contribuição exigido. 

O documento Tempo de Cuidar – O trabalho de cuidado mal remunerado e não pago e a crise global da desigualdade, da Oxfam, demonstra como as economias mundiais são sexistas. Isso porque, conforme a pesquisa, enquanto os donos das grandes fortunas acumulam cada vez mais riqueza, as mulheres são responsáveis por 75% do trabalho de cuidado não remunerado realizado no mundo.

Segundo o relatório, mulheres e meninas ao redor do mundo dedicam 12,5 bilhões de horas, todos os dias, ao trabalho de cuidado não remunerado. Se fossem remuneradas, isso significaria uma contribuição de, pelo menos, US$ 10,8 trilhões por ano para a economia global, o triplo do valor gerado pela indústria tecnológica, por exemplo. 

A desigualdade de gênero precariza ainda mais a condição de trabalho das mulheres fora de casa. Em todo mundo, 42% delas não conseguem um emprego porque ocupam todo o seu tempo com o trabalho de cuidado e do lar. Entre os homens, esse percentual é de apenas 6%.

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