Escritores locais trazem narrativas de cura, liberdade e resistência à FliConquista
Escritor H.F. Pessoa sorteia dois kits da sua trilogia "O diário de Hanss" 17 de novembro de 2024 Arthur Vitor e Denilson SoaresNo último sábado (16/11), o quarto dia da Feira Literária de Vitória da Conquista (FliConquista), no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, contou com mesas temáticas, apresentação de cosplay, sarau de poemas e sessão de autógrafos. O livro “Slam Caatingueiro – Vozes que Cruzam” foi lançado e distribuído de forma gratuita.
A primeira mesa do dia foi a “Literatura e resistência: insubmissas palavras de liberdade”. A professora Mary Weinstein defendeu as formas de escape da submissão na ditadura. “Eu acho que é uma tática do desamparo, porque a ditadura já passou e as pessoas escrevem e desencavam certas situações”, disse a professora. Já a psicóloga Suzana Reis pontuou a questão da literatura insubmissa, “Toda a arte que não propõe uma discussão social ela ajuda agregar a submissão”.
Logo em seguida, a mesa “Autorias em fluxos – múltiplas formas da palavra” iniciou. A escritora do livro “Palavras ao vento”, Fernanda Quadros, relembrou o falecimento de sua avó. “Ela morreu aos 92 anos, ela me adorava. Eu era a neta que tinha o cabelo da cor dela, que usava os óculos coloridos dela.” A escritora do livro “Cartas de amor para minha avó”, Nadja Leite, também trouxe lembranças de sua avó. “Era uma senhora muito teimosa, temperamental. Ela era firme, uma mulher que viveu os anos 50 e 60 e dirigia negócios, peitava o marido”, relembrou a escritora.
Após isso, foi a vez da mesa “Autorias em fluxo – A literatura como instrumento de libertação e cura”. A jornalista escritora do livro “A luz da maternidade” explicou o seu processo de escrita. “Esse livro pesou profundamente porque eu me senti uma impostora. Eu sendo uma jornalista com toda a facilidade com as palavras, não me senti autorizada para escrever”, detalhou a escritora. A doutora em ciências jurídicas e escritora, Poliana Policarpo, discutiu sobre a superação da depressão. “O meu primeiro livro fala da depressão que eu tive, fala da morte do meu pai.”
A última mesa do dia foi a “Autorias em fluxo – Escrita de trilogias e séries”. O escritor H.F. Pessoa destacou como foi seu processo de escrita da sua trilogia “O diário de Hans”. “Deu um estalo, eu sentei em frente ao computador e comecei a digitar. Uma cena que era um loop de 5 minutos da minha mente, saíram 40 páginas dali”, disse o escritor. A jornalista e escritora Giulia Santana trouxe a sua maneira de lidar com as histórias de seus personagens reais em seu livro “Vozes”. “Na hora que eu sentei para escrever foi que veio aquele pânico, porque eu tinha que contar as histórias dessas personagens da melhor forma possível, mas eu tava tratando de pessoas reais”, narrou a escritora.
Além de mesas temáticas, o evento contou com apresentações do projeto de extensão de cosplay do professor do Instituto Federal Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, Marcos Messias. Foram três apresentações feitas por discentes e membros do projeto. A primeira apresentação foi do grupo “Os cavaleiros da Távola Redonda”, logo em seguida foi a apresentação dos “Deuses gregos” e por fim a equipe “Mãe natureza”. “O cosplay é uma arte que abrange todas as linguagens artísticas, é importante entender que o cosplay faz da literatura, porque ele trabalha com narrativas, histórias”, afirmou o professor.
O quarto dia foi finalizado com o show de Chirlei Dultra com homenagem ao Clube da Esquina. O Clube da Esquina foi um movimento que surgiu em Minas Gerais, composto por escritores, músicos, compositores e letristas. O grupo em suas canções transitavam entre os estilos MPB, rock, jazz e bossa nova.