Desde o dia 13 de março, o longa-metragem, que conta a história de Joana da Paz, está em cartaz nos cinemas do Boulevard Shopping e Shopping Conquista Sul. Fernanda Montenegro, 95 anos, faz o papel da protagonista, Vitória.

O filme integra a programação do Centerplex Boulevard às 20h45 e do Moviecom no Shopping Conquista Sul, às 16h40 e às 19h. Os valores dos ingressos variam de R$16,00 a R$31,36. Inicialmente o filme foi idealizado por Breno Silveira, entretanto o diretor faleceu no início das gravações e a produção passou a ser feita pelo produtor e diretor Andrucha Waddington. O filme foi gravado em 2022. Sua duração é de 1h 52m. Segundo a CNN Brasil, Vitória já esta com a maior bilheteria nacional em 2025, com uma plateia de 218 mil pessoas, entre os dias 13 e 16 de março.

O filme “Vitória”, baseado no livro do jornalista Fábio Gusmão, “Dona Vitória da Paz” da Editora Planeta, retrata a história de uma mulher, que nos anos 2000 morava na Ladeira dos Tabajaras, na zona Sul do Rio de Janeiro. De seu apartamento, com vista para uma favela em Copacabana, passou a observar a atuação de uma quadrilha que reunia traficantes e milicianos. Incomodada com a violência e a omissão das autoridades, decidiu registrar tudo com uma câmera comprada em parcelas, usando o dinheiro que ganhava como massagista e deu início a uma denúncia que mobilizou a cidade.

A verdadeira identidade de Vitória foi revelada apenas em 2023, após a sua morte. Joana Zeferino da Paz gravou em oito fitas a rotina da quadrilha, como os confrontos e o repasse das drogas. Joana entrou no programa de proteção à testemunha após Fábio, que na época trabalhava no jornal Extra descobrir por meio de uma fonte na Coordenadoria de Inteligência da Polícia Civil que uma senhora havia entregado fitas na delegacia. Ao assistir as fitas, o jornalista, em entrevista ao site Tribuna Hoje, disse que estava diante da “história da sua vida”. A reportagem de Dona Vitória que depois viraria um livro, transformou a protagonista em um símbolo de resistência. O impacto das imagens era evidente, mas a publicação da matéria exigia uma ação paciente, já que seu apartamento ficava próximo a uma “boca de fumo”. O jornalista contou ainda que sabia que não poderia publicar nada enquanto Joana morasse no local, porém a idosa era impaciente e queria que a história fosse contada o quanto antes. O impasse durou mais de um ano e meio já que a mesma se recusara a sair do seu apartamento.

Com a intermediação da segurança pública, Dona Joana finalmente aceitou deixar o apartamento. A reportagem foi publicada em 24 de agosto de 2005 no Jornal Extra, ocupando um caderno especial de 6 páginas. O nome Vitória surgiu de uma necessidade de uma identidade simbólica para proteger seu verdadeiro nome. No dia seguinte à publicação da matéria Fábio decidiu escrever o livro, que demorou um mês para ser concluído e mais de um ano para encontrar uma editora.

O caso de Vitória se tornou um dos mais famosos do Rio de Janeiro e em 2025 ganhou notoriedade após chegar nos cinemas. Em 2016, dona Joana participou das discussões sobre o roteiro e o seu desejo era ser interpretada pela sua atriz preferida, Fernanda Montenegro. Após o seu falecimento, Fábio decidiu que era o momento de revelar sua identidade, foi quando fez a matéria falando da morte de Vitória e o nascimento de Dona Joana da Paz, a matéria era sobre a vida daquela mulher que sempre viveu muita intensamente apesar de toda violência sofrida.