Circula pelo WhatsApp um vídeo em que um homem, não identificado, faz insinuações falsas a respeito do processo eleitoral. O autor da gravação afirma que a urna eletrônica registra os votos  “que ela quer”, e que a contagem de votos é realizada de forma secreta. “Então você vai digitar lá o número do seu candidato e vai apertar a tecla ‘confirma’, ok? O que foi que ela registrou aqui dentro, você viu? O que ela registrou? Não você não viu, ela registra o que ela quer”, diz apresentador em trecho de vídeo.

Informação FALSA. A checagem feita pela Agência Lupa em conjunto com a Justiça Eleitoral, e republicada pela editoria Xereta,  atesta a falsidade das alegações. Ao contrário do que é dito na filmagem, a urna eletrônica é programada para registrar de forma automática todos os votos digitados e confirmados pelo eleitorado. Portanto, o sistema não é capaz de alterar, adicionar nem subtrair votos.

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De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a urna registra todos os eventos da votação — inclusive o horário da inserção de cada voto — em arquivo de log, que pode ser verificado por entidades legitimadas a fiscalizar o processo eleitoral,  incluindo o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal (STF). Os resultados também podem ser comparados com as atas das seções eleitorais. 

O TSE ainda explica que o sistema eletrônico de votação passa por várias etapas de auditoria antes, durante e após as eleições. Uma das principais é a do Teste de Integridade, realizado ao longo do domingo de votação. Trata-se de  uma simulação na qual votos em cédulas de papel são manualmente inseridos em urnas sorteadas na véspera da data do pleito. Todo o procedimento é transmitido ao vivo pela internet e acompanhado por empresas de auditoria externa. Ao final do teste, é possível comparar se o resultado das cédulas do papel bate com o consolidado pela urna.

Contagem não é secreta

A suposta contagem “secreta” é outra informação falsa propagada pelo vídeo. No entanto, ao contrário do afirma o homem, a totalização (soma dos votos) não é feita de forma sigilosa pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A apuração dos resultados é feita automaticamente pela urna eletrônica logo após o encerramento da votação. Nesse momento ocorre a etapa final do processo no qual a urna imprime, em cinco vias, o Boletim de Urna (BU), que contém a quantidade de votos registrados na urna para cada candidato e partido, além dos votos nulos e em branco.

Uma das vias impressas é afixada no local de votação, visível a todos, de modo que o resultado da urna se torna público e definitivo. Vias adicionais são entregues aos fiscais dos partidos políticos. São essas mesmas informações, contidas no BU, que são encaminhadas por meio de uma rede exclusiva para a totalização no TSE. 

Desde 1996, ano em que as urnas eletrônicas foram adotadas pela Justiça Eleitoral, o resultado final divulgado pelo TSE sempre correspondeu à soma dos votos de cada um dos boletins de urna impressos em cada seção eleitoral do país. Conheça detalhes sobre o funcionamento do sistema de totalização no site do TSE. 

Conforme informa o TSE, a urna eletrônica não realiza contagem secreta dos votos nem registra “o que quer’’ durante votação. Portanto, a editoria Xereta ratifica a checagem realizada pela Agência Lupa em conjunto com a Justiça Eleitoral, e atribui o selo de FASLO ao conteúdo propagado. 

Reportagem publicada originalmente no site da Agência Lupa e da Justiça Eleitoral. 

Edição: Letícia Mendes e Raila Costa