Entidades realizam ato de protesto contra radialistas e Rádio Clube, em Conquista, nesta sexta (25)
Entidades sindicais, movimentos sociais e coletivos de jornalistas publicaram notas de repúdio contra os comunicadores e a rádio 24 de março de 2022 Mikhaelle PiagioEm protesto contra as agressões machistas e desrespeitosas realizadas as dirigentes do Sindicato do Magistério Municipal Público de Vitória da Conquista (Simmp), nesta sexta-feira (25/03), às 8h, haverá uma ato público, com concentração na Câmara Municipal de vereadores. Além disso, coletivos de jornalistas e diversas entidades publicaram notas de repúdio contra as agressões.
O incidente aconteceu na Rádio Clube FM, no dia 22 de março de 2022, no Programa Sudoeste Agora, comandado pelos radialistas Humberto Pinheiro e Whashington Rodrigues. Na ocasião, as professoras Elenilda Lima e Greissy Leôncio, que representam o Simmp, tiveram suas falas interrompidas enquanto respondiam à pergunta sobre o piso salarial dos professores e a implantação da lei em Conquista.
As docentes foram ainda agredidas verbalmente e tiveram suas falas silenciadas e desmerecidas. Os apresentadores do programa também usaram como ofensa questões da vida pessoal das professoras, como viagem de férias. Chegando a expulsá-las do estúdio antes de finalizar a entrevista.
Diante do acontecido, nesta quinta-feira (24/03), houve uma mobilização de entidades, sindicatos, movimentos sociais e um coletivo de jornalistas de Vitória da Conquista. Entre os sindicatos está a Associação dos Docentes da Uesb (Adusb) que repudiou as cenas de violência afirmando que é “inadmissível que um espaço de concessão pública seja utilizado para a reprodução da violência e da opressão contra a mulher e de ataque à categoria docente”.
O Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista se manifestou contra o ato de violência. Segundo o sindicato, a liberdade de expressão e de imprensa são direitos fundamentais da sociedade, desse modo, o espaço da rádio tem o dever de servir à população, transmitindo informações relevantes sem censura de natureza política. “Ao impedir de maneira abrupta a explanação sobre a reposição salarial sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, os comunicadores demonstraram uma conduta parcial e de silenciamento da opinião contraditória”, diz a nota do sindicato.
O Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, a União de Mulheres de Vitória da Conquista e o Fórum de Mulheres também emitiram nota de repúdio contra as violências sofridas pelas professoras do Simmp. Os órgãos consideraram a violência como misógina. De acordo com os órgãos esta é “uma clara ofensa pelo fato de serem mulheres, pois, toda vez que uma mulher altera a voz para se fazer ouvir, ela é instantaneamente considerada como uma pessoa “desequilibrada”, para desqualificar sua atitude.”
O coletivo de jornalistas também se mobilizou contra o episódio de violência. O coletivo reconhece a trajetória construída pela Rádio Clube, seu valor histórico e credibilidade construída tanto ao lado do público quanto com seus anunciantes. Mas cobra que a rádio tome providências em relação à postura machista adotada pelos radialistas. “É preciso mobilizar a sociedade em torno deste episódio, tornando um grande exemplo de falta de respeito aos direitos coletivos (especialmente das mulheres), à liberdade de expressão e à democracia”, diz o documento assinado por cerca de 40 jornalistas.
Fórum Sindical
O ato que ocorrerá nesta sexta-feira (25/03) tem organização do Fórum Sindical e Popular de Vitória da Conquista. O evento foi marcado, após uma reunião entre representantes do Fórum e do Simmp.
A reunião, que aconteceu na sede do Simmp, teve como objetivo promover ações de enfrentamento às posturas de silenciamento das mulheres e liberdade de expressão.
Entre as ações estão a publicação de nota coletiva de repúdio; a decisão de que as professores farão um boletim de ocorrência, com a participação de integrantes do fórum; que o jurídico do Simmp, juntamente com Dr. Erick farão análise do caso para os encaminhamentos judiciais e produção de cards a serem enviados para as empresas patrocinadoras da rádio.
