Estudantes de Jornalismo da Uesb conhecem a Produção de Algodão no Oeste da Bahia

Cerca de 80 estudantes das cidades de Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista participaram da jornada do Prêmio Abapa 5 de setembro de 2024 Raquel Soreira, Edilaine Rocha e Emily Chaves

Nos dias 29 e 30 de agosto, cerca de 80 estudantes dos cursos de Jornalismo vindos das cidades de Vitória da Conquista, Salvador e Feira de Santana estiveram em Luís Eduardo Magalhães, no Oeste baiano, nas atividades do Prêmio Abapa de Jornalismo. Da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), 23 futuros jornalistas participaram das atividades.

A viagem de Conquista para o oeste do estado começou na quarta-feira, dia 28 de agosto, às 7h30, com a chegada às 21h 30, depois de um percurso 807 km. Além dos discentes, a coordenadora do curso de Jornalismo, a professora Carmen Carvalho, também estava presente na excursão, cuja saída foi da Uesb. As despesas com locomoção, estadia, alimentação foram subsidiadas pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), responsável pelo Prêmio de Jornalismo, que entre as etapas está a visita em Luís Eduardo Magalhães, para atividade de palestras e visitas as plantações de algodão.

Na quinta-feira, dia 29 de agosto, a programação começou logo cedo, às 8h, com o círculo de palestras no auditório do Centro de Treinamento e Tecnologia, na sede da Apaba. A coordenadora da assessoria de Marketing e Comunicação, Cris Barili, apresentou o cronograma e deu dicas aos estudantes para a construção dos produtos jornalísticos a serem apresentados no certame. Segundo ela, o Prêmio Abapa é uma forma de reconhecer e valorizar o trabalho jornalístico, e as visitas apresentam aos estudantes a cotonicultura para que eles possam estar aptos a produzir os trabalhos. “Com isso, a gente incentiva os promissores talentos do jornalismo baiano.”

Em seguida, o presidente da Abapa Luiz Carlos Bergamaschi contextualizou os estudantes sobre a importância do algodão na economia do país, o histórico da cotonicultura e como a evolução do produto tem sido uma crescente no mercado mundial. “O algodão brasileiro conquistou não apenas o Brasil, mas o reconhecimento mundial. Mostrando o nosso lugar, é perceptível a evolução do algodão brasileiro, esse é o resultado da agricultura brasileira.”

A palestra seguinte foi comandada pela diretora de Relações Institucionais da Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão), Silmara Ferraresi, que elencou a representatividade da produção algodoeira do país no mercado mundial e os resultados que a produção tem atingido nos últimos meses. “Somos o maior produtor global de algodão do mundo e um dos maiores exportadores do ramo mundial. A gente construiu esse posto na última temporada, quando pela primeira vez colocamos o Brasil como maior exportador de algodão do mundo.”

A diretora Silmara também explicou como funciona o projeto Sou de Algodão, criado pela Abrapa em 2016 para levar informação sobre o algodão brasileiro ao consumidor final. Em 2021, o projeto lançou a primeira coleção de camisetas rastreadas com a Reserva, e em seguida outras marcas como Renner, Ceará, Calvin Klein e Dohler aderiram à iniciativa de rastreabilidade. Essa é uma forma de mostrar a origem e o produtor do algodão utilizado nas peças. “O Sou de Algodão envolve toda a cadeia têxtil e marcas parceiras”, explicou.

Produtor e engenheiro agrônomo e também atual presidente da Abapa, Luiz Carlos André Gamaro, explicou as abordagens adotadas pela associação para facilitar a comercialização e manuseio da cultura. Segundo ele, o algodão do oeste da Bahia tem 34 anos de história e lidera ações que atendem às necessidades dos associados, como a pavimentação de estradas em parceria com o Governo do Estado e o investimento em treinamento e capacitação de pessoas. “Essa pavimentação é para melhor a ligação com as fazendas de algodão baiano, pois somos o segundo maior produtor do Brasil.”

Para a estudante da Universidade Salvador (Unifacs), campus Costa Azul, Louise Victória Santos, o prêmio proporcionou uma experiência nova e diferente. “Estou amando demais essa oportunidade, o ambiente, eles estão dando muito apoio pra gente. Estou achando ótimo, perfeito.”

Para a estudante do quarto semestre do curso de Jornalismo da Uesb, Caroline Oliveira, a visita a Abapa em Luis Eduardo Magalhães proporcionou um conhecimento sobre a produção de cotonicultura. “Eu achei muito interessante porque desconhecia essas informações sobre o algodão.”

O instrutor técnico do Centro de Treinamento e Tecnologia da Abapa, Matheus Castro, não estava na programação das palestras, mas explicou ao Avoador sobre preocupação da Abapa em formar trabalhadores da área tecnológica. “Eu sou um desses instrutores que realiza esses treinamentos, qualificando os trabalhadores para desenvolver as suas atividades diretamente no campo.”

O engenheiro agrônomo e agricultor Júlio Cézar Busato, ex-presidente da Abapa, que palestrou na quinta-feira, buscou envolver os estudantes no universo da produção de algodão para desmistificar preconceitos sobre o agronegócio. “Vocês serão as pessoas que vão comunicar o que os agricultores estão fazendo com o resto da sociedade. E isso tem que chegar de uma maneira clara, objetiva e verdadeira.”

No dia (30/08), no segundo dia das atividades do Prêmio Abapa de Jornalismo, foram realizadas as visitas técnicas. O primeiro local que recebeu os estudantes foi a empresa Icofort Agroindustrial, responsável pelo processamento da semente do algodão, onde é extraído o óleo alimentício, línter, torta e farinha para ração de bovinos, caprinos e equinos e também o biodiesel.

Segundo a analista de Gestão de Pessoas e de Recursos humanos da Icofort, Claudia Pereira, na empresa, o línter é um produto de destaque, e é feito a partir dos fios de algodão que sobram após o beneficiamento do caroço. Ele é utilizado nas indústrias têxtil, de celulose, papel-moeda, tecnologia e no mercado de beleza, além de ser uma matéria-prima para a fabricação de telas de LCD e LED, bem como de placas de vídeo. “A frase que existe aqui no oeste da Bahia é que o algodão é o ouro branco, em que tudo é aproveitável, desde lá do campo até o produto final.”

De acordo com a estudante do sexto semestre de Jornalismo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Joyce Coqueiro, conhecer de perto os processos de reaproveitamento da fibra para a produção de alguns alimentos foi enriquecedor. “Foi muito legal ver a origem desse óleo, a ração dos animais que eles produzem aqui, e a gente poder acompanhar cada processo. Fiquei surpreendida com o o maquinário que tem aqui, é enorme.”

O segundo momento de visitação foi no laboratório de análises de algodão da Abapa, o maior laboratório de análises de fibras da América Latina. O gerente de laboratório, Sérgio Alberto Brentano, explicou como são realizadas análises da fibra do algodão para o mercado e para o produtor. De acordo com ele, quando o produtor identifica os defeitos ou problemas na sua fibra, que o mercado exige que sejam resolvidos, ele começa a trabalhar desde a pesquisa para solucionar essas questões. “Com isso, os ganhos são evidentes: ano após ano, a qualidade da fibra melhora com a ajuda da tecnologia”, completou.

O Brasil possui 374 fazendas de algodão, e a Abapa conta com 79 produtores de algodão associados, sendo a Bahia a segunda maior produtora de algodão do país.

Em seguida, os estudante foram conduzidos até o grupo Zanotto Cotton, onde acontece o processo de beneficiamento do algodão. De acordo com a sócia do grupo, Fernanda Zanotto, a Bahia tem possibilidades que as pessoas ainda não conhecem. “A vinda dos estudantes aqui é muito importante para que levem isso para o Brasil inteiro sobre fibra do algodão baiano.”

A estudante do quarto semestre do curso de Jornalismo da Uesb, Ellen Mafra, ressaltou que aprendizado sobre as etapas do processamento do algodão, desde a colheita, quando ainda está misturado com resíduos, até a seleção e a transformação em produtos como sacolas de algodão, cordões e barbantes. “Foi uma experiência muito enriquecedora.”

Por fim, a última etapa das visitações aconteceu na fazenda de algodão Santa Isabel, que tem 19 mil hectares de plantação, no local os estudantes acompanharem de perto a colheita da cultura, com a possibilidade de fazer fotos, filmagens e gravar entrevistas. Esse material servirá para os produtos que irão concorrer ao Prêmio Abapa.

Durante essa visita, o Agrônomo e gerente do programa fitossanitário da Abapa, Antônio Carlos Araújo, explicou que o quanto as plantações de algodão foram resolvendo as questões climáticas com a irrigação. “Agora estamos diante de uma belíssima lavoura, com algodão saudável em relação a doenças e pragas.”

Após essa última etapa, os estudantes voltaram ao hotel, onde tomaram banho, arrumaram as malas e jantaram, retornando a Vitória da Conquista, às 2h30, da sexta-feira. A chegada foi às 11h do dia seguinte, mais de 13 horas de viagem. Segundo a coordenadora do curso de Jornalismo, apesar do cansado do trajeto de ida e volta e da programação intensa, foi um aprendizado conhecer o oeste baiano, a produção de cotonicultura e o trabalho de comunicação e jornalismo desenvolvido pela Abapa. “Esperamos agora produzir trabalhos jornalísticos que conquistem alguns prêmios, como aconteceu nas edições de 2022 e 2023.

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