Imprensa brasileira recebeu cerca de meio milhão de tuítes com ataques no Twitter em três meses
O foco dos ataques eram jornalistas mulheres e empresas de comunicação consideradas contrários ao governo Bolsonaro 17 de setembro de 2021 Carlos PatezEm apenas três meses, cerca de 500 mil tuítes com hashtags de ataque à imprensa foram identificados em levantamento realizado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e pelo Instituto Tecnologia e Sociedade (ITS-Rio). O foco dos ataques eram jornalistas mulheres e empresas de comunicação consideradas contrários ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
As hashtags mais usadas durante o período da pesquisa, feita entre os dias 14 de março e 13 de junho de 2021, foram: #imprensalixo, #extremaimprensa, #globolixo, #cnnlixo e #estadãofake. O monitoramento também encontrou postagem com ofensas a alguns jornalistas em específico, como Maju Coutinho (TV Globo), Daniela Lima e Pedro Duran (CNN Brasil), Mariliz Pereira Jorge, colunista da Folha, e Rodrigo Menegat (DW News). O relatório mostra que tuítes sobre jornalistas mulheres foram 13 vezes mais comuns se comparados aos que citavam jornalistas homens, além de ofensas e termos de baixo calão serem 50% mais usados direcionados a mulheres do que homens. Cerca de 20% do total das postagens foi realizada a partir de bots, contas falsas com mensagens automatizadas, criadas com o propósito de aumentar de forma artificial o número de ataques à imprensa.
No ano de 2020, ao inspecionar o discurso do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos com cargos políticos, do vice-presidente Hamilton Mourão, dos ministros do atual governo e da Secretaria de Comunicação Social da Presidência que mencionava a imprensa, a Repórteres Sem Fronteiras identificou 580 ataques, com 85% deles partindo do presidente e seus três filhos com posições eletivas. Durante o primeiro semestre de 2021, a RSF registrou 331 ataques à imprensa, principalmente ofensas contra jornalistas e veículos de comunicação.
No Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa 2021, feito pela Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil atualmente ocupa a 111ª posição, sendo essa a primeira vez do país na zona vermelha do índice. Em 2 de julho de 2021, Jair Bolsonaro foi considerado um dos predadores globais da liberdade de imprensa pela RSF.