Dia da Mulher é marcado por ato contra à violência institucional de gênero na Uesb

Durante a mobilização foi entregue ao reitor uma carta elaborada pela Adusb 8 de março de 2022 Talyta Brito

Na tarde desta terça-feira, 8 de março, Dia Internacional da Mulher, manifestantes entregaram ao reitor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), o professor Luís Otávio, no campus de Vitória da Conquista, uma carta denúncia contra a violência institucional de gênero. O documento foi elaborado pela Adusb (Associação dos Docentes) a partir de denúncias das professoras da universidade.

A concentração do movimento começou em frente ao Módulo Acadêmico Antônio Luís Santos,  mais conhecido por Luizão, por volta das 14h30, e reuniu homens e mulheres pertencentes ao corpo docente, discente e técnico administrativo da instituição. A partir das 15h, começou a caminhada até a reitoria, que durou quase 30 minutos. Em frente ao prédio da administração, professoras se manifestaram sobre atitudes machistas, agressivas e opressivas contra as mulheres na Uesb e estudantes falaram da necessidade de creche para seus filhos na instituição. Em seguida, os presentes entraram no prédio, passaram por diferentes pró-reitorias de forma tranquila e se dirigiram à sala do reitor.

No encontro, realizado na sala de trabalho do reitor, entraram grande parte dos participantes do ato. Na reitoria, a coordenadora do Grupo de Trabalho de Política de Classe, Étnico-Raciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS), a professora Patrícia Cara, entrou o documento contra violência institucional de gênero ao professor Luiz Otávio e destacou a importância de “amadurecer o diálogo, especialmente dentro do espaço democrático que é a universidade”. Já a professora do curso de Geografia, Suzane Tosta, no final do encontro, solicitou à reitoria a realização de reuniões para a discussão de como implementar medidas institucionais de combate às atitudes machistas contra as mulheres na  instituição.

No encontro, duas estudantes, uma do campus de Conquista, outra de Itapetinga, mencionaram ainda a violência que têm sofrido, no decorrer do curso de graduação, por não terem conseguido ter acesso à creche para deixar seus filhos durante as aulas. Elas pediram ao reitor que o problema fosse resolvido para que outras mães universitárias não passem mesma situação.

Márcia Lemos, professora do curso de História e ex-presidente da Adusb, também presente na mobilização, enfatizou, durante a caminhada, o quanto “a violência institucional é uma das mais invisibilizadas porque ela sempre acontece em uma relação de poder que existe entre o agressor, que na maior parte das vezes não aparece enquanto tal. As mulheres são desqualificadas, são descaracterizadas, deturpadas e muitas vezes ridicularizadas dentro desse espaço administrativo, quando não foi publicamente ofendida”.

A professora do curso de Ciências Sociais, Núbia Regina Moreira, presente no ato da Uesb, pontuou que o 8 de março é um dia de  “luta das mulheres pela sua libertação, emancipação de todas as formas de violência, racismo e classismo”, e que a violência institucional de gênero está presente em diferentes esferas da sociedade, inclusive na universidade. O mesmo entendimento tem o discente de Geografia, Lauro Pereira, que define a data como “um dia de luta contra as opressões que as mulheres vêm sofrendo”. Já a estudante de Filosofia, Regiane Viana, desabafou que as mulheres buscam “não só serem escutadas, mas compreendidas e levadas em consideração sua opinião”.

Denúncias

De acordo com a professora Patrícia Cara, o documento entregue  à reitoria no ato surgiu a partir de denúncias de violência institucional de gênero realizadas na última assembleia da Adusb, no dia 23 de fevereiro.  “Na ocasião, companheiras relataram que vem se sentindo muito constrangidas, coagidas, desqualificadas e atacadas em vários ambientes da universidade, inclusive tendo falas deturpadas, sem direito a reinscrição, representando, neste caso, um ato de silenciamento da voz da mulher. Neste último caso citado, uma colega, que teve sua fala deturpada pela mesa representada pela administração da Uesb, ao pedir reinscrição para esclarecer sua fala, foi vetada pela mesa que informou que já estavam encerradas as inscrições.  Mas, na sequência, foi dada a fala para um professor, transparecendo o machismo institucional e o silenciamento da voz feminina.”

Outro caso relatado pela professora Patrícia é o episódio em que uma professora foi chamada de “puta” por um estudante em uma reunião do Consepe (Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão) e que, até o momento, não houve providências da administração atual da Uesb  sobre o incidente. “Vale salientar ainda que na pauta interna da Adusb sobre opressão e violência de gênero estão desde a criação de espaços de debates, combate às opressões, investigações dos casos denunciados, punição e criação de espaços de acolhimento das mulheres.”

 

Uma resposta para “Dia da Mulher é marcado por ato contra à violência institucional de gênero na Uesb”

  1. […] dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, ocorreu na Uesb, o  Ato Contra a Violência Institucional de Gênero, no campus de Conquista. Reunidos na luta contra a violência institucional de gênero, os […]

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