#MãeQueEscreve| Sobre um dos maiores desafios de ser mãe: amamentar
Apesar da literatura sobre amamentação e os conselhos de quem já passou por essa etapa, somente ao dar peito para alimentar o filho a mãe descobre o quão difícil é 18 de fevereiro de 2020 Mariana AragãoDepois do parto natural, o meu pensamento era: se eu dei conta de parir, eu consigo fazer qualquer outra coisa. Vai ser fácil! Grande engano! Nada e nem ninguém nos prepara para amamentar! Não existe receita mágica, não existe preparação pré-amamentação, não existe, não existe.
Durante a gestação, eu estudei muito sobre amamentação, sobre livre demanda, sobre o leite materno, sobre a importância da pega correta, sobre confusão de bicos, mas esse desafio veio como um furacão. E lá estava eu, vivendo o baby blues, um momento em que o cansaço vence, e que suas emoções ficam à flor da pele. Dor no físico e dor na alma.
O choro da cria tinha mais potência para me ferir do que a faca mais amolada que pudesse existir.
Umas das sensações que marcou o início da minha experiência com a amamentação foi a solidão. A solidão machuca, mesmo que a casa esteja repleta de gente. É solitário, porque ninguém pode fazer por você. Eu olhava para José e sentia uma profunda responsabilidade por ser a única responsável nutri-lo. São horas a fio, na madrugada escura e no silêncio cortado apenas pelas nossas respirações.
Eu sabia que era o melhor alimento para o meu José, também sabia que seria o maior sacrifício que faria por alguém na minha vida. Dividir o meu corpo com alguém. Se engana quem pensa que é fácil só porque é com meu próprio filho. Mas, se é difícil assim, por que persistir? Por que não dar logo a mamadeira? Por que ficar “sofrendo”?!
Eu me faço essas perguntas todos os dias, e vou me munindo de todas as informações de qualidade que tenho e acredito, para me dar forças e entendimento de que essa é a melhor coisa que poderia estar fazendo por ele. O amor de mãe não passa a existir imediatamente, mas, eu percebo, dia após dia, que são nessas ações que ele se manifesta. Eu aceito a dor, abraço a solidão e persisto, sabendo que vai passar e esperando a próxima fase.
*Mariana Aragão, estudante do curso de Jornalismo e mãe de José, seu primeiro filho, que no momento tem apenas dois mês, conta em sua coluna semanal as dores e as delícias de ser mãe de primeira viagem.
Foto: Arquivo/Avoador