Dona Maria José: a vendedora de quitutes da Tancredo Neves

Há mais de 10 anos no local ela tem um carrinho e vende, desde a pipoca, doces, refrigerantes e café 30 de novembro de 2022 Lana Mares, Maiara Pinheiro e Talisson Santos

A Praça Tancredo Neves, conhecida como A Praça “dos peixes” e também “dos namorados”, localizada no Centro de Vitória da Conquista, tem muito mais que árvores, peixes, flores, tem trabalhadores que dali tiram o seu sustento. É o caso de Maria José, de 58 anos, que recebe a todos, clientes dos seus quitutes e os demais que passam pelo local, com sorrisos.

Há 10 anos, de segunda a domingo, ela desce a Avenida João Pessoa com o seu carrinho de pipoca, carregado de pipoca, refrigerante, doces, café. Seu ponto fica na esquina da Praça Tancredo Neves, quase em frente ao Shopping Conquista Center. “Aqui não tem estacionamento, então tenho que levar e trazer minhas coisas todos os dias.”

Maria tem formação de Ensino Médio como professora, porém não conseguiu dar prosseguimento por um problema na voz: “Eu vi que não tinha condições por causa da garganta e não consegui terminar o meu estágio.” Na década de 1980, para exercer a docência no Ensino Fundamental bastava fazer o Ensino Médio em uma escola de formação de professores, que eram conhecidas como “Normal”, que também tinha a obrigatoriedade de um estágio em uma escola. Por conta da debilidade na saúde, a mãe, que também tinha um ponto na praça e vendia pipoca, a presenteou com um carrinho de pipoca.

Com o seu carrinho, Maria criou três filhos sozinha e, hoje em dia, paparica a netinha, que estava estampada em uma foto na sua camiseta no dia da entrevista ao Avoador. “Eu fui pai e mãe na minha casa. Meus filhos já estão todos criados, cada um na sua casa e, agora, tenho ainda uma netinha.”

Sobre as vendas na Praça Tancredo Neves, a vendedora lamenta o mau momento. “Esse ponto pra mim era melhor antes, quando havia os bancos que funcionavam aqui em frente. Vendia bolo, biscoito, café, tudo.” No entanto, ela acredita que no mês de dezembro aconteça uma melhora nos rendimentos, com o pagamento do décimo terceiro, e a movimentação de pessoas pelo comércio.

Outra questão que também aflige a vendedora é a falta de infraestrutura no local. “Nós estamos cobrando há anos um banheiro na Praça e nenhum representante fez isso. A nossa única alternativa é pedir para usar o banheiro do shopping, e isso quando ele está aberto. O poder público precisa lembrar da gente aqui”. Ela também desabafou sobre a preocupação com a insegurança ao trabalhar ali. “Antes, quando os bancos estavam aqui, não havia tantos usuários de drogas e mais seguranças na Praça. Agora, não existem policiais nem seguranças.”

A presença de mais de uma década na Praça Tancredo Neves tornou Maria conhecida, o que a transformou em fonte dos jornalistas da cidade: “Inclusive, sempre dou entrevista, do botijão de gás, da vacina, sempre que me procuram, falo alguma coisa.”

Apesar dos percalços do trabalho desenvolvido por Maria, como a insegurança, a falta do banheiro e o sobe e desce com o seu carrinho, ela não desanima. “Enquanto Deus der forças, vou continuar na Praça, na chuva ou no sol, eu estarei sempre aqui. Sempre gostei de trabalhar aqui, estou sempre com autoestima, sempre alegre, sempre falando com as pessoas”. Ela ainda deixa um conselho aos mais jovens: “vendam qualquer coisa, mesmo que seja uma banana, mas não sigam pelo caminho das drogas.”

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