Acessibilidade diz respeito a qualquer pessoa
A inclusão é um direito humano e não é algo para ficar atrelado apenas às pessoas com algum tipo de deficiência 18 de julho de 2022 Israel PeixotoNum jogo rápido de associação de palavras, o termo acessibilidade sempre será atrelado à Pessoas com Deficiência e vice-versa. Isso não é um problema, já que, durante a vida inteira, uma PCD fará uso desta 90% mais vezes que pessoas sem deficiência. No entanto, com esse texto, pretendo romper essa barreira e mostrar que a acessibilidade vai além de ruas bem asfaltadas, portas largas, piso tátil e calçadas com rampa.
Segundo o site Conceito, a acessibilidade pode ser definida como a “qualidade do que é acessível. Esse substantivo feminino possui relação com aquilo que tem fácil acesso de aquisição ou de aproximação.”
Ou seja, uma mãe que guia um carrinho de bebê precisa de fácil locomoção nas ruas, pacientes no pós-operatório também precisam de barras de apoio ao usar o banheiro. Qualquer pessoa, não importa onde, quando e o porquê, em algum momento da vida, precisará de espaços (físicos ou não) que sejam acessíveis às suas limitações.
Por que então a luta por uma sociedade inclusiva é algo tão exclusivo nosso, PCD’s? Por que recai sobre nós a busca por uma igualdade que pode beneficiar um todo?
Caso meu objetivo ainda não tenha sido claro, façamos o seguinte exercício mental: imagine que, de repente, a maioria das pessoas aprendeu a voar, a maioria, não todas, e você faz parte do grupo dos não-voantes, por assim dizer. Sendo assim, tudo nessa sociedade é pensado e construído para pessoas que podem voar. Não existe escadas ou elevadores, já que, para grande parte da população, isso não se faz necessário. Então, eu pergunto, pessoa não-voante: como você chegaria até o trabalho? Para aonde você iria se divertir numa noite de sexta-feira com os amigos? O que você faria para sacar dinheiro num caixa eletrônico de 20 metros de altura?
Se caso esse exemplo fictício tenha lhe despertado um sentimento profundo de solidão e falta de pertencimento, não se preocupe, as pessoas não vão aprender a voar… assim espero.
Trazendo esse exemplo para o mundo real, conheça a história de Seu Pereira, aposentado de 87 anos e são paulino fanático que, recentemente, acompanha com dificuldade os jogos do time do coração por conta da migração das partidas na televisão para os serviços streaming. A principal dificuldade de Seu Pereira está em acessar os dispositivos que, segundo ele, têm muitas etapas e canais ao longo do processo. Agora, quando quer assistir aos jogos, ele conta com o auxílio da esposa ou do filho.
“Com 87 anos, estava mal acostumado, apertava lá na Globo e estava resolvido. É triste, eu gostaria de estar por dentro de tudo, com a facilidade que eu tinha nos velhos tempos, mas eu não tenho essa facilidade mais”, conta Pereira.
Essa última fala é interessante: Seu Pereira vivia em um lugar confortável, que atendia bem suas necessidades, mas, aos poucos e silenciosamente, a realidade à sua volta mudou a tal ponto que ele não consegue mais acompanhar.
Com isso, não quero apelar por empatia e convidar para que faça parte da luta por inclusão. Inclusão é direito humano. Lute por acessibilidade, seja ela qual for, como se precisasse dela, porque um dia você, com certeza, vai precisar.
Foto Destacada: Freepik
Israel Peixoto tem 25 anos, é formado no curso técnico em Agropecuária pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano. E escrever é muito além de um hobby, é uma necessidade, e no momento, paralelamente aos artigos para o Site Avoador, está desenvolvendo seu primeiro livro.
Tenho pensado tanto nisso, Israel, e no quanto deixamos tantas pessoas de fora. Obrigada pela provocação. Quero ler mais o que tem a dizer.
[…] Acessibilidade diz respeito a qualquer pessoa; Ter uma deficiência custa caro; Kirk Willams: um pessoa sem limites para viver; Governo Bolsonaro e sua política ineficiente para à população PCD. […]