7 de Setembro em Conquista: multidão nas ruas, valorização dos distritos e manifestações políticas
O bicentenário da Independência do Brasil foi comemorado em meio ao frio e a garoa na cidade 7 de setembro de 2022 Gabriela Chaves, Gabriela nascimento, Iuri Brito e Rodrigo RibeiroNesta quarta-feira, em Vitória da Conquista, após dois anos sem a comemoração do dia 7 de Setembro por causa da pandemia da covid-19, data símbolo da Independência do Brasil, foi marcada por uma multidão da Avenida Brumado até a de Integração, palanque oficial repleto de políticos e convidados e um desfile de militares, estudantes de escolas municipais e estaduais e pela valorização da cultura dos 11 distritos da cidade.
Houve ainda manifestações políticas a favor do presidente da República, Jair Bolsonaro, que busca a reeleição, do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, também candidato à Presidência, e dos movimentos sociais, com o Grito dos Excluídos, e da categoria dos enfermeiros.
Nem a garoa, nem o frio, afastou a população da comemoração. Às 8h30, com um atraso de 30 minutos, o desfile começou com a Avenida da Integração lotada, desde o início na altura da Avenida Brumado até a dispersão na Avenida Alagoas. No palanque de autoridade também não havia espaço sobrando. Lá estavam a prefeita de Conquista, Sheila Lemos (MDB), o presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Luís Carlos Dudé (MDB), o coronel da Polícia Militar, Ivanildo da Silva, o secretário Municipal de Gestão e Inovação, Edivaldo Ferreira Junior, e o arcebispo da Igreja Católica de Conquista, Dom Josafá Menezes da Silva. Também estavam convidados e a imprensa local.
O primeiro desfile da manhã foi da Associação dos Ex-Combatentes do Brasil e o Tiro de Guerra, que abriu oficialmente as comemorações em Conquista. Em seguida, também passaram pela avenida um contingente do 9° Batalhão da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e os estudantes do Colégio Militar.
A segunda parte do desfile trouxe as escolas municipais de 11 distritos da cidade, que trouxeram apresentações com base no tema “Distritos Conquistenses: contribuições e valores para o Sertão da Ressaca”. Cada uma buscou enfatizar a cultura e as tradições de cada local. Seis escolas municipais da zona urbana também estiveram presentes. No total, elas levaram à avenida 17 carros alegóricos, fanfarras, roupas típicas da região.
O distrito do Pradoso trouxe a cultura do reisado, com um grupo em terno de reis e a tocar música típica. Também apresentaram pinturas rupestres disponíveis naquela região. O Cercadinho teve como tema o cordel e retratou a obra Ana Gomes da Silva. Veredinha homenageou os remanescentes quilombolas do distrito enquanto Inhobim apresentou carros alegóricos ornamentados com sacos de café, os grãos e a colheita de café no distrito. Já Dantelândia, um distrito em que há muitas pessoas com ensino superior, que são conhecidos como doutores de Dantelândia, deu ênfase as profissões, como a dos médicos, advogados, filósofos e farmacêuticos.
Já era passado do meio dia, quando as escolas estaduais, como Colégio Euclides Dantas, entraram na Avenida Integração. Houve ainda ao desfile dos serviços municipais, como o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), o Grupo Mãos que Ajudam e do Centro de Convivência do Idoso.
Também apareceram no final centenas de enfermeiros desfilando com faixas e cartazes na avenida. Eles conseguiram a aprovação a Lei de 14.434, que garante um piso salarial para a categoria, mas tiveram um recurso aceito pelo ministro Barroso do Supremo Tribunal Federal (STF), que impossibilita o seu pagamento. “Cadê o piso”, “Respeita a enfermagem”, “Queremos o piso” e” Enfermagem na rua, Barroso a culpa é sua” foram algumas das mensagens das faixas e cartazes dos profissionais.
De acordo com o enfermeiro, Thiago de Sousa, a categoria se encontra indignada com decisão membro do STF. “Já estamos na luta há mais de 30 anos para conseguir esse piso salarial, e toda vez, eles tentam barrar isso. Dessa vez, conseguimos aprovar no Congresso, no Senado e a Lei foi sancionado pelo atual presidente, Jair Messias Bolsonaro, que prevê o piso salarial para a Enfermagem. Sabemos que existe uma junção de patronais que não querem pagar. Eles não querem pagar de jeito maneira esse piso.”
Ao final do desfile, o pastor George Costa subiu ao palanque das autoridades, onde estavam a prefeita e demais políticos, pegou o microfone do locutor e fez uma “Oração por Vitória da Conquista”. Enquanto ele falava, muitas pessoas se colocaram em posição de oração, fecharam os olhos, fizeram silêncio ou falavam “Amém” e/ou “Aleluia”.
Terminada essa parte da encenação do culto evangélico, houve o cortejo dos apoiadores do presidente Bolsonaro na avenida com carro som, faixas, camisetas e bandeiras do Brasil entoando músicas religiosas e gritando “a nossa bandeira nunca será vermelha”, “Bolsonaro presidente” e “pela família e pela pátria”. Para a professora Maria Eugênia Hollomon, que segurava uma placa contra o comunismo, o Brasil vivencia um momento de direitos. “Me sinto muito feliz, porque nós estamos vivendo um tempo, embora um tempo bastante difícil, com bastante direitos que não tínhamos antes.”
Grito dos Excluídos
Paralelo ao desfile oficial do 7 de Setembro, os movimentos sociais por meio do Grito dos Excluídos, ato realizado desde 1995, aconteceu em Conquista, na avenida Integração, tendo sido realizada a concentração às 9 horas, em frente ao Gripário Municipal. Centenas de pessoas com bandeiras e faixas a favor causas sociais, com “comida para todos’, “salário digno”, e também em defesa da candidatura do ex-presidente.
A vereadora de Conquista e candidata à Deputada Estadual pelo PT, Viviane Sampaio, que participava na marcha salientou a importância da comemoração do Dia da independência do Brasil. “É um data simbólica porque exalta a democracia, os direitos humanos, a defesa dos direitos das mulheres. É um dia extremamente simbólico porque estamos vivendo um momento de muitos atentados a democracia e, principalmente, a nossa Carta Magna, a Constituição de 1988.”
Já o professor Adão Fernandes de Albuquerque destacou que a data é um momento de reafirmação da identidade do povo brasileiro enquanto pessoas únicas no mundo. “Temos essa relação com o nosso território, a questão do patriotismo no melhor sentido, mas as pessoas estão confundindo a simbologia de ser brasileiro com o que a simbologia de manter uma ditadura no poder.”