Fabricantes de caixões sofrem com a falta de matéria-prima e funerárias com a alta dos preços do material de trabalho
Vela, algodão, luvas e roupa de proteção tiveram aumento em meio à pandemia da covid-19 5 de março de 2021 Gabriela SouzaCom o aumento das mortes por covid-19 nas nas últimas semanas na Bahia, os fabricantes de caixões estão com dificuldades em conseguir matéria-prima para a produção desses recipientes e as funerárias enfrentam o reajuste dos preços do material de trabalho. Em Vitória da Conquista, não faltam caixões, mas há o registro do aumento nos preços de velas, algodão e luvas de proteção para os agentes funerários.
De acordo com o presidente da Associação dos Fabricantes de Urnas do Brasil (AFUB), Antonio Marinho, em entrevista ao jornal Correio da Bahia, essa não é uma realidade apenas da Bahia, mas de todo o país, e que este ano está pior que 2020 em relação à matéria-prima. “As matérias-primas oriundas de commodities (produtos vendidos em dólar) são tratadas como ‘jóias raras’. A especulação faz com que tenhamos aumentos sucessivos e sem garantia de fornecimento, principalmente quando falamos de Aço, Madeira, MDF e produtos químicos. Estes vêm sofrendo reajustes massivos e o seu abastecimento é incerto”, disse.
Por conta dessa situação, a maioria das fabricantes está com a capacidade de produção comprometida por falta de material para fabricação das urnas funerárias, podendo ocorrer atrasos na entrega dos caixões, ou até mesmo, o não fornecimento. “Como o mercado caminha, poderá haver desabastecimento de urna a nível nacional, o que geraria um sério problema a todos, visto que estamos falando de um item essencial na cadeia do serviço funerário”, explicou Antonio.
Em Conquista, ainda não existe um cenário de desabastecimento de urnas funerária. Segundo Marcos França, proprietário da Funerária Pax Santa Dulce, até o momento, tudo está sob controle. Apesar disso, ele percebe um aumento de materiais, como vela, algodão, luvas e roupa de proteção. “A caixa com 50 pares de luvas nós comprávamos por R $15,00 e agora está custando R $100,00.”.
Para o presidente do Sindicato de Empresas Funerárias do estado da Bahia (Sindef), Carlos Brandão, em entrevista ao jornal Correio da Bahia, as funerárias do estado ainda não estão enfrentando escassez de caixões ou de matérias-primas. Mesmo assim, muitas funerárias relatam aumento no preço das urnas e atraso na entrega do material. O prazo de entrega que antes era de três dias, passou para 15 dias.
Os caixões ficaram até 45% mais caros desde abril de 2020, momento em que as mortes por covid-19 começaram a acelerar no país. O presidente da Associação Brasileira de Empresas e Diretores do Setor Funerário (Abredif), Lourival Panhozzi, em entrevista ao jornal Correio da Bahia, disse entender os reajustes e repasses feitos pelos fabricantes de caixões. Entretanto, a entidade optou por não realizar o reajuste em sua tabela de preços. Não existe um parâmetro uniforme para dizer a real taxa de aumento dos caixões, contudo, para ele, dentro da realidade nacional e do atual momento da pandemia, o reajuste foi de 20%.
Fonte: Correio
Foto: ilustrativa/reprodução