Facebook amplia ao debate virtual as conversas do dia a dia

A participação do indivíduo nas redes sociais, com seus debates e discussões, é uma forma de manifestação democrática saudável 29 de abril de 2016 Earvin Caetano, Voiana Martins

No Brasil, dos 100 milhões de pessoas que têm acesso à internet, 83% usam o Facebook, segundo a Pesquisa de Mídia de 2015 da Secretaria de Comunicação do Governo Federal. Passam pelas redes sociais diversos temas, entre eles conteúdos noticiosos, a vida privada dos usuários e variados debates. Em Vitória da Conquista, no mês de março, violência, política e futebol foram alguns dos assuntos mais compartilhados, curtidos e comentados.

Para o professor do curso de Comunicação Social, habilitação em Jornalismo da Uesb, Marcus Lima, a participação do indivíduo nas redes sociais, com seus debates e discussões, é uma forma de manifestação democrática saudável. “As redes sociais se tornaram um espaço de debates, como uma esfera pública, um espaço de deliberações e, quando o assunto é de interesse público, a discussão se torna indispensável”.

Entre os dias 4 e 10 de março, a redação do Avoador acompanhou as publicações dos usuários de Conquista no Facebook, e o tema que recebeu destaque pelo seu número de postagens foi a violência na cidade e região.

Foto reprodução Facebook

Reprodução: Facebook.

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O alto índice de violência na cidade explica o interesse do público pelo tema. De acordo com a classificação divulgada pela a ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, Conquista ocupa a posição 36º entre as cidades mais violentas do mundo.

A situação tem até mudado alguns hábitos dos moradores locais. É o caso de Bruna Souza, 23, que já foi assaltada quatro vezes e vive em clima de apreensão.“Tive que mudar minha rotina: academia seis da manhã ou sair desacompanhada depois das oito da noite, nunca mais. Hoje, quando estou só em um ponto de ônibus, todo mundo que se aproxima é suspeito”, relata.

A violência no município vai muito além dos assaltos. O subtenente da Polícia Militar, Maximiniano Matos, informou que nos três primeiros meses de 2016 aconteceram cerca de 50 assassinatos em Conquista. Para uma população de 343.230 mil habitantes, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número é preocupante.

Foto reprodução Facebook

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O subtenente explicou que 80 a 85% dessas mortes são ligadas ao tráfico, que envolve jovens com idade entre 18 e 25 anos, além de vítimas adolescentes. “O tráfico não só vicia as pessoas, o tráfico é como se fosse um crime central enquanto os outros crimes ficam orbitando em torno dele”, lamenta.

“O problema é todo social, é preciso que seja feito um serviço de base, que pegue aquelas crianças que estão propícias ao crime e trabalhe o psicológico delas. É preciso criar algo que afaste essas crianças da violência, o pensamento de que a polícia é a solução para tudo e qualquer tipo de violência é errôneo”, conclui Matos.

Debate político
Entre os dias 10 e 20 de março, a equipe do Avoador observou que os debates no Facebook voltaram-se para as turbulências políticas que envolvem o Governo Federal. As passeatas realizadas em Conquista, com manifestantes favoráveis e contrários ao impedimento da presidente Dilma Rousseff, também contribuíram para esse enfoque.

As duas mobilizações foram organizadas pela rede social. A primeira aconteceu no domingo, dia 13 de março, quando os opositores fizeram passeatas contra o Governo. O número de manifestantes não foi divulgado. Já na sexta-feira (18), quem foi às ruas foram os favoráveis à permanência da presidente. Os organizadores divulgaram que 1,5 mil pessoas participaram, já a PM informou que eram 500.

Foto reprodução Facebook

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O especialista em Direito Eleitoral Constitucional e Direito Público, Alessandro Santos, analisou a explosão das discussões políticas. “Isso se iniciou pela falta de habilidade da presidente Dilma, uma vez que a economia está em uma fase muito delicada e algumas mudanças políticas de cunho legislativo deveriam ter sido tomadas algum tempo atrás”, comentou.

Já para Marcus Lima, o início das discussões e mobilizações via redes sociais se potencializaram a partir das manifestações de 2013. “Até hoje ninguém sabe o que aconteceu, se foram espontâneas, mas foi de onde veio à tona a disputa PT x PSDB, direita x esquerda, uma polarização que não é saudável para a política do país.”

Lima avaliou, ainda, a existência de um comportamento agressivo nas redes sociais em discussões políticas. “O grande problema é o discurso do ódio, não aceitar a opinião do outro. O apedrejamento virtual de ambos os lados mostra que o Brasil não é um país tão cordial e alegre”.

Foto reprodução Facebook

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Também foram lembrados na rede social temas como a educação, com a paralisação nacional que atingiu muitos estudantes da cidade, e mobilidade urbana, com os problemas nos semáforos do município.

Outro assunto popular nas redes sociais da cidade foi o jogo do time Vitória da Conquista e a Expoconquista realizada de 11 a 20 de março, com publicações nos blogs regionais e em página de humor no Facebook.

Foto reprodução Facebook

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Foto Destacada: Marcello Casal Jr, via Agência Brasil

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