No Dia Nacional de Combate ao Fumo, um alerta sobre os males causados pelo cigarro
Em meio à pandemia da covid-19, fumar pode ser ainda mais perigoso, pois, além do câncer, é um fator de risco para a nova doença 29 de agosto de 2021 Mariana Oliveira, Gabriela MatiasO aposentado Darci Oliveira fumou durante quatro décadas. Aos 75 anos, tem 70% do pulmão comprometido e mal dorme à noite. “Fumar destruiu a minha saúde”, lamenta. A covid-19 tornou o tabagismo um fator de risco. O dia 29 de agosto é o Dia Nacional de Combate ao Fumo, data criada em 1986 no Brasil, para alertar a população sobre os danos à saúde, à economia, à sociedade e ao ambiente, causados pelo cigarro, ainda mais neste momento pandêmico
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Brasil registrou 29.354 mortes por câncer pulmonar em 2019. Segundo estimativas do instituto, até 2023, mais de 30 mil brasileiros serão diagnosticados anualmente com a doença.
“Um dos maiores desafios é o diagnóstico precoce”, alerta o cirurgião torácico do Instituto Conquistense de Oncologia (Icon), Rafael Sodré. Segundo ele, há uma parte considerável da população que faz uso de cigarros e afins no Brasil e 85% dos cânceres de pulmão estão relacionados ao hábito de fumar, sendo a principal causa de mortes. “A melhor prevenção contra o câncer do pulmão é não fumar.”
O oncologista e sócio do Icon, Leonardo Cunha, acrescenta ainda que “o tabagismo é, sabidamente, um fator de risco para várias neoplasias (tumor). E as mais relacionadas são o câncer de pulmão, tipo histológico (pequenas células), o câncer de pâncreas e o câncer de bexiga.”
Conscientizar a população sobre os riscos do tabagismo, nome da doença epidêmica causada pela dependência da nicotina, é o símbolo do mês de agosto. Além do dia 29, durante todo o mês há a campanha do Agosto Branco, que amplia o alerta sobre o câncer de pulmão, uma das principais consequências do fumo. O Inca realiza, em 2021, a campanha “Em que mundo você vive? A melhor escolha é não fumar”, onde destaca o combate ao hábito de fumar e o agravamento nos casos de pessoas fumantes contaminadas pela covid-19.
Quem fuma tem maior probabilidade de desenvolver sintomas graves caso seja contaminado pelo novo coronavírus. Pode causar diversas inflamações, prejudicar o sistema imunológico e causar infecções como sinusites, pneumonias e tuberculoses. Por conta disso, além do câncer pulmonar, o hábito de fumar é considerado fator de risco para a covid-19.
Não é só levar o cigarro à boca com as mãos sem higienizá-las que pode contaminar com o vírus. Compartilhamento de dispositivos eletrônicos e narguilés expõe os usuários à covid-19 e, por terem o sistema respiratório já prejudicado pelo tabaco, fumantes podem desenvolver sintomas mais graves da doença pandêmica.
Mesmo com todos esses riscos, o número de cigarros consumidos no Brasil aumentou durante a pandemia. Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) relatou que 34% dos fumantes brasileiros declararam ter fumado mais com o surto da covid-19. Este crescimento, ainda de acordo com o estudo, está associado ao desenvolvimento ou agravamento de distúrbios mentais em tabagistas, com piora de quadros de depressão, ansiedade e insônia. Segundo Sodré, o cigarro foi uma forma encontrada pela população para diminuir o estresse do isolamento. “A pessoa fica em casa, estressada, e aí ela tem essa válvula de escape no cigarro”.
Tratamento para o tabagismo pelo SUS
O Programa Nacional de Controle ao Tabagismo (PNCT) é uma das principais estratégias de saúde pública no combate ao uso do cigarro. Com acompanhamento ao paciente por especialistas da pneumologia e psicologia gratuito pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a pessoa fumante tem direito à avaliação clínica, abordagem mínima ou intensiva, individual ou em grupo e, se necessário, terapia medicamentosa juntamente com a abordagem intensiva.
Na Bahia, o Programa é coordenado pela Diretoria de Gestão em Cuidado, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), que informa os locais e horários de atendimento. Em Conquista, as ações contra o tabagismo indicadas pelo PNTC são desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e o tratamento pode ser encontrado nas Unidades de Saúde espalhadas pela cidade.
Para pacientes já diagnosticados com câncer de pulmão, Sodré diz que os melhores caminhos para o tratamento vão desde “o momento do diagnóstico, desde tratamentos com quimioterapia, imunoterapia ou radioterapia, até a cirurgia”.
Assista a entrevista com o médico Rafael Sodré:
Confira algumas dicas para abandonar o hábito de fumar: