Pesquisa alerta para o aumento da fome durante a pandemia
As desigualdades, o avanço de políticas neoliberais e o desmonte do sistema de políticas sociais inclusivas contribuem para agravar a situação dos impactos da pandemia 26 de junho de 2020 Leila CostaPesquisadores da Rede CoVida, projeto de colaboração científica da FioCruz e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), divulgaram, no início de junho, um estudo sobre os impactos da pandemia na fome e na desnutrição da população brasileira. A pesquisa aponta que a chegada da covid-19 no Brasil evidenciou ainda mais a desigualdade social no país.
Segundo dados do relatório da CoVida, em 2018, uma em cada nove pessoas ainda passava fome no mundo, e esses números tendem a crescer durante a pandemia. “Isso acontece justamente no momento em que a pandemia da Covid-19 está se alastrando para regiões onde os sistemas de proteção social são historicamente os mais fracos do mundo e vêm sendo ainda mais desmontados com a ascensão de governos com tendência econômica neoliberal”, disse a jornalista Daniela Soares.
As estimativas publicadas em relatório da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), em 2018, apontam que no Brasil a desnutrição alcançou até 5,2 milhões de brasileiros entre os anos de 2015 e 2017. Já os dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), de 2017, mostram que 12,6% dos brasileiros sofrem de desnutrição crônica, 5,3% de desnutrição aguda e 13,3% têm excesso de peso.
O estudo, realizado pelo grupo de pesquisa “Evidências sobre os Impactos Sociais e Econômicos”, enfatiza que a pandemia da covid-19 não é o único fator responsável pela situação da fome no Brasil. O desmonte do sistema das políticas sociais inclusivas contribuem para a o aumento do número de pessoas famintas no país. Além disso, os pesquisadores destacam que medidas governamentais, como o Auxílio Emergencial, válido por três meses, não chegam em tempo hábil até a casa dos necessitados.
Para combater a fome durante a pandemia, a recomendação da Rede CoVida é que haja a colaboração entre diferentes instituições. O estudo destaca a importância da distribuição de kits de alimentos por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar para as famílias de estudantes da rede pública, e da doação de cestas básicas por Organizações Não Governamentais (ONGs), igrejas e associações comunitárias aos atingidos pela pobreza extrema. A pesquisa sugere ainda o fortalecimento e a ampliação dos programas e políticas sociais do governo federal.
Fonte: Rede CoVida
Foto de Capa: Pixabay