Professora da Uesb sofre ataque machista e misógino durante reunião do Consepe na quarta (02)

Os xingamentos foram realizados por um estudante do curso de Medicina 3 de junho de 2021 Ariane Longa

Na última quarta-feira (02/05), durante virtual reunião do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), no ponto de pauta relacionado ao regulamento do Ensino Remoto Emergencial (ERE) para o semestre 2020.2, docentes da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb) foram ofendidos, xingados e desrespeitados por estudantes. Em especial, uma professora foi atacada de forma machista e misógina enquanto apresentava a sua argumentação no debate. 

A Uesb estava transmitindo a reunião do Consepe pelo canal institucional da instituição, como tem acontecido desde a suspensão das atividades presenciais, em março de 2020, quando, por meio do chat do canal, aconteceram os ataques. Primeiro, os xingamentos e ofensas foram generalizados aos docentes, mas, durante a fala de uma professora, um estudante de Medicina escreveu palavras de baixo calão relacionadas ao gênero, entre as quais “quenga”.  A ofensa direcionada ocorreu depois que ela expôs não concordar com o ensino híbrido defendido por alguns discentes e cursos da instituição.

De acordo com o diretor do Departamento de Ciências Exatas e Tecnológicas (DCET) do curso de Física da Uesb, professor Sérgio Barroso, outros colegas defenderam os mesmos argumentos da professora, porém as ofensas do aluno foram direcionadas apenas para ela. “O insulto em si já é inaceitável, pois não se faz o debate democrático dessa forma. O fato de ser um insulto machista, misógino, é ainda mais grave. Infelizmente, alguns grupos têm usado esse tipo de prática”.

A Associação dos Docentes da Uesb (Adusb), em nota publicada logo depois do incidente, à noite, ressaltou que os professores têm sofrido insultos, tanto no espaço virtual quanto no físico, mas o auge do desrespeito aconteceu durante essa  reunião do dia 2 de junho. A  entidade repudiou os ataques sofridos por professores e, principalmente, as ofensas de caráter machista e misógino contra a docente. Solicitou ainda, providências por parte da Administração Central da Universidade, “é inaceitável esse tipo de postura em uma instituição pública, que, enquanto locus de formação profissional, acadêmica e cidadã, deve combater essas práticas de natureza reacionária, negacionista e autoritária”.

Durante o ocorrido, o reitor da Uesb, Luiz Otávio de Magalhães, comprometeu-se a adotar as providências políticas e disciplinares. No entanto, até a publicação desta matéria, a instituição não havia publicado nem uma nota de solidariedade à profissional desrespeitada durante reunião do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão. 

Outro desrespeito aos docentes foi a acusação sem provas de que a categoria não está trabalhando durante o ensino remoto. No entanto, a Uesb tem mantido desde 25 de outubro de 2020 as atividades acadêmicas, de extensão e pesquisa com as devidas adaptações por causa da pandemia. Como explica a  Adusb,  “desde a suspensão das atividades presenciais, os docentes têm desenvolvido as atividades de ensino, pesquisa e extensão, em conformidade com as deliberações das instâncias superiores da Uesb”

Repúdios

Além da Adusb, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) publicou  uma nota à comunidade acadêmica da Uesb em que repudia os comentários ofensivos e misóginos direcionados à docente. Segundo o DCE,  as atitudes da reunião “são isoladas, não representam a classe estudantil e devem ser investigadas para aplicação das medidas cabíveis”.

O Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro da Bahia também prestou solidariedade à professora. Em nota disseram que “é inadmissível esses insultos e ataques contra uma camarada que vem dedicando sua vida às lutas contra todas as formas de opressão e contra a exploração da classe trabalhadora, bem como por uma universidade popular e de qualidade para todas, todos e todes”.  

Foto de capa: Uesb

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