Projeto Patrulha Mecanizada contribui para o sucesso da cotonicultura baiana
o longo de mais de 10 anos, asfaltou e/ou recuperou aproximadamente 300 quilômetros de vias. 23 de setembro de 2024 Ana Clara NunesA Bahia é o segundo maior exportador de algodão do Brasil. Além de sol, terra e água, o êxito da cotonicultura depende também de uma logística de larga escala, que envolve o transporte pós-colheita, com o envio das safras e produtos derivados, e o recebimento de insumos no pré-plantio da cotonicultura. Para melhorar a estrutura das estradas, está em andamento, desde 2013, o Projeto Patrulha Mecanizada, que é executado pela Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa) e já asfaltou e/ou recuperou aproximadamente 300 quilômetros de vias.
De acordo com a entidade, anualmente, circulam por Luís Eduardo Magalhães e entorno cerca de 200 mil veículos, que percorrem um trajeto de estradas vicinais. Como muitas delas são estradas de chão, acabam por aumentar os custos de transporte do algodão, podem causar prejuízos aos motoristas com a quebra de caminhões e provocar uma série de outras dificuldades prejudiciais aos motoristas e produtores de algodão. O Projeto Patrulha Mecanizada surge então para solucionar esses problemas.
“Nos baseamos [o projeto] em um tripé de sustentabilidade. Temos um cunho social, econômico e ambiental”, disse o engenheiro, Cláudio Gama, que faz parte do Centro de Coordenação de Engenharia da Patrulha Mecanizada da Abapa. “A estrutura implementada possibilita que seja escoada a produção de algodão e soja a um custo mais acessível ao reduzir os custos operacionais, como a quebra de carretas. Ao final do escoamento, essa economia se torna significativa.”
A Patrulha Mecanizada conta com um número superior a 100 equipamentos, como máquinas, e gera cerca de 200 empregos diretos e indiretos. O aumento na demanda e no consumo em pousadas, restaurantes, postos de combustível e outros setores locais também estão entre os benefícios trazidos pelo projeto. “As estradas [asfaltadas] melhoram a qualidade de vida das pessoas e dos agricultores que se deslocam com mais facilidade”, ressaltou o engenheiro.
A questão ambiental também é uma preocupação do projeto, que busca remover a menor quantidade possível de vegetação no processo de pavimentação. “Tentamos interferir o mínimo possível na questão ambiental, especialmente em relação à degradação e à supressão vegetal”, afirmou Cláudio. “O cuidado com a preservação é essencial. Por isso são criadas valetas para captação e direcionamento da água para o lençol freático, o que evita erosões no solo.”No início, de acordo com publicações da Abapa, o projeto apenas restaurava as estradas em más condições, mas, a partir de 2018, passou a pavimentar os trechos que ligavam as propriedades rurais às principais rodovias. Na programação atual, já existem estradas na linha de espera para os próximos nove anos. “São mais de 600 km de estradas a serem feitas. É um projeto que tende a se estender por muito mais tempo”, anunciou Cláudio.
Surgimento e parceiros
Iniciado em 2013, o projeto foi criado com a união entre produtores rurais da Região Oeste, Prefeituras Municipais, Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (AIBA), o Programa de Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão (Fundeagro), com financiamento do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), em parceria com o Governo Estadual, que coopera com renúncia fiscal por meio do Programa para o Desenvolvimento da Agropecuária (Prodeagor), entidade civil autorizada pelo Decreto Estadual Nº 14.500, de 28 de maio de 2013. Cabe à Abapa, realizar a execução das atividades do projeto. “Aqui é onde a gente cita que a união faz a força”, enfatizou o engenheiro, Cláudio Gama.
Economia e o algodão baiano
A Bahia, enquanto segundo maior exportador do Brasil, tem 345,4 mil hectares de áreas cultivadas de cotonicultura e teve colheita estimada em 662,8 mil toneladas na safra de 2023/2024. O Oeste baiano é a região responsável por 98% dessa produção, sendo Luís Eduardo Magalhães o principal município com plantações de algodão.
A cidade inicialmente era chamada de Distrito de Mimoso do Oeste e fazia parte do município de Barreiras. Sua emancipação veio apenas em 30 de março de 2000, na Lei Estadual nº 7.619. Sua população, incialmente, era formada por famílias vindas do Sul do país, sendo algumas, proprietárias das grandes fazendas de algodão. Na zona urbana, de acordo com o Censo de 2022 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Luís Eduardo tem uma a população 107.909 habitantes. Em comparação com o Censo de 2010, houve um aumento de 79,5% no número de moradores, sendo boa parte desse crescimento resultado da empregabilidade gerada pelo agronegócio. Segundo dados de março de 2024, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged), vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a agropecuária na Bahia gerou mais de 1.475 empregos, dos quais aproximadamente 617 foram gerados na cidade.
Entre 2022 e 2023, segundo a Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), o setor que mais contribuiu para o aumento de 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) do estado foi o agronegócio, que registrou alta de 5,2%. Para Dieter Weissenstein, há uma boa probabilidade do setor crescer de forma exponencial, podendo tornar-se responsável por metade do PIB baiano. “O agronegócio do Oeste da Bahia impulsiona muito o estado da Bahia sob o ponto de vista de crescimento, e provavelmente, em 10 anos, será responsável por boa parte do PIB da Bahia.”
Foto destaque: Foto: Reprodução Abapa