Relatório de Transparência de Publicidade Política do Google é superficial no Brasil, denunciam Intervozes e Sleeping Giants

Ao contrário de outros países, no caso brasileiro, faltam dados sobre os anúncios realizados por partidos políticos e candidatos a cargos em nível federal 29 de junho de 2022 Victória Meira Amaral

O relatório de Transparência de Publicidade Política disponibilizado pelo Google no último dia 23 de junho não apresenta as informações necessárias para um combate à desinformação no Brasil, segundo o coletivo de comunicação Intervozes e o Sleeping Giants.  Ao contrário das informações disponibilizadas nos Estados Unidos, Índia, Austrália e na maioria dos países europeus, no caso brasileiro, faltam dados sobre os anúncios realizados por partidos políticos e candidatos a cargos em nível federal, quem paga e os valores gastos na publicidade. 

A disponibilização do relatório faz parte de um acordo entre o Google e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que foi firmado em fevereiro deste ano. O seu intuito é o de combater as informações falsas durante o período eleitoral de 2022. 

No entanto, no Brasil, o Google mostra a  publicidade apenas dos  gastos de candidatos a cargos federais, excluindo os candidatos a cargos estaduais. Além da diferença de informações disponíveis  entre o Brasil e os outros países, outro fator destacado pelas organizações é a superficialidade dos dados exibidos no site do Relatório, que deveria ser disponibilizado no primeiro semestre deste ano, mas só saiu na última semana. 

Diante desses argumentos, a BlackRock, que é a maior gestora de investimento do mundo e segunda maior acionista do Google, foi notificada pela Intervozes e Sleeping Giants. Na notificação, as entidades denunciam que as atividades do Google não estão em acordo com a ordem legal e constitucional brasileira e entram em conflito com princípios internacionais expressos no Pacto Global das Nações Unidas e com os Princípios Orientadores da ONU para Negócios e Direitos Humanos. 

Em nota enviada ao jornal Valor Econômico, o Google respondeu que “atualiza regularmente a ferramenta em resposta ao feedback dos usuários”. A empresa informou também que o Relatório em nível  estadual só é feito nos Estados Unidos e na Índia, mas não explicou o motivo ou os critérios da diferenciação de cobertura entre os outros países.

Fontes: G1 e Valor Econômico. 

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