Eleição para DCE na Uesb tem baixa participação estudantil
Foram precisos dois dias de votação para que a quantidade de alunos necessária para validar a eleição fosse alcançada 4 de maio de 2018 Analu Aguiar, Leilane SversutiHoje foi o segundo e último dia da eleição para a escolha dos representantes que vão compor a nova gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE) do campus da Uesb de Vitória da Conquista. A votação teve início na manhã dessa quinta-feira, 3, e se encerrou às 21h desta sexta, 4. De acordo com a comissão eleitoral, poucos estudantes compareceram às urnas para votar. Até a parte da manhã, a quantidade de discentes necessária para homologar a eleição não havia sido alcançada. As chapas “Nossa Voz” e “Kamayurá” disputaram o pleito.
Segundo o mesário Ricardo de Azevedo, graduado em Enfermagem, caso a votação não tivesse ocorrido durante o período de dois dias, o processo eleitoral não seria validado. Para ele, mais alunos poderiam ter participado da votação em vista da atual conjuntura política desfavorável às universidades públicas. “Acho que a importância da eleição do DCE é grande, visto que as universidades vêm enfrentando fortes dificuldades e ataques. Então, é preciso que o conjunto dos estudantes participe desse processo até como uma forma de resistência”, disse. A quantidade mínima de votos para formar o quórum necessário para validar a eleição para o DCE é de 15% do total de alunos da Uesb, cerca de 9 mil. A determinação é estabelecida pelo regimento eleitoral.
Para o graduando do curso de Ciências Sociais Lamarck Barbosa, os estudantes não se sentem motivados a votar devido à falta de confiança na atuação do DCE na universidade, o que, de acordo com ele, é resultado da ausência de uma participação política mais efetiva das gestões anteriores nas decisões que afetam o corpo estudantil da Uesb. “A gente está precisando de um DCE atuante tanto no Conselho Superior Universitário (Consu) quanto no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe), por exemplo, porque são os professores que detêm o maior poder de decisão sobre tudo e quando é questão de estudantes eles ignoram, e eu quero que a chapa que venha a ganhar seja mais ativa, o que ultimamente não está acontecendo”, afirma.
Um relato que demonstra essa falta de engajamento dos alunos vem do estudante de Agronomia Rafael França. Ele explica os motivos que o levaram a não votar este ano: “A universidade está sucateada e depende estritamente da relação estabelecida entre a reitoria e o governo. As gestões anteriores do DCE falharam com o meu curso e o DCE tem uma cultura de má fama na Uesb. Tudo isso culminou na minha decisão de me abster de votar nessa eleição”, disse.
Ainda assim, para a estudante de jornalismo Valéria Marina, apesar das gestões de DCE’s anteriores não terem atuado ativamente na Uesb, a eleição continua sendo importante, já que, segundo ela, na maioria das vezes, a representação estudantil não influi em quase nada dentro da universidade e a ausência de um DCE pioraria essa situação. “Este é o momento e o espaço que os estudantes têm para lutar e mostrar a sua voz”, disse.
Tony Nascimento, graduando do curso de Direito, afirma que, além da participação ativa do DCE na instituição, a transparência e a organização também são critérios importantes a serem adotados pela chapa que vencer a eleição. “A chapa vencedora na eleição passada foi muito apática. Precisamos de pessoas aptas para nos representar”, comentou. Ele disse que estava animado com o processo eleitoral.
Enquanto Tony se mostra esperançoso, Jéssica Lima, que cursa Cinema e Audiovisual, diz não estar esperando grandes mudanças na instituição com a nova chapa que for eleita. “Eu não tenho muitas esperanças, porque é muito difícil colocar em prática o que está no papel e porque tem um sistema maior além deles”, destacou. Ainda assim, a estudante acredita que esse momento seja de extrema importância, visto que, para ela, o corpo do DCE “representa a voz dos estudantes e várias propostas que eles apresentam é o que acabamos discutindo”.
A candidata a coordenadora geral do DCE pela chapa Nossa Voz, Uise Epitácio, aluna de Pedagogia no período noturno, ressalta que a prioridade da chapa 1 é conhecer e dialogar com todos os cursos presentes dentro da universidade, para que, a partir daí, a chapa possa “solucionar da melhor forma possível as necessidades que os estudantes tem dentro da Uesb hoje”. Para ela, é preciso que os estudantes acreditem no movimento estudantil, pois considera que é através da mobilização e do diálogo que o DCE conseguirá realizar todas as suas ações. Ela enfatiza ainda que o Diretório não é uma entidade partidária. “Ele vai além de partidos, porque vem justamente pautar a necessidade do estudante”.
O aluno do curso de História, Wesley Dantas, é candidato a coordenador geral do Diretório pela chapa Kamayurá, e afirma que mobilizar os estudantes é o maior desafio da nova gestão: “essa desmobilização não é de agora, já vem acontecendo há alguns anos devido a gestões anteriores que não cumpriram o seu papel efetivamente”. Para ele, é preciso levar os alunos a acreditarem que que as pautas propostas pelo DCE são possíveis de serem conquistadas. ˜Pretendemos tocar o debate da residência universitária, a discussão acerca do Restaurante Universitário (RU), além de discutir questões burocráticas sobre a assistência estudantil. A gente não está aqui para reinventar a roda, e não temos propostas surreais, são propostas que a gente acredita que são possíveis”, defendeu.
Foto destacada: Arquivo/Site Avoador