Márcia Lemos: “Precisamos de uma universidade voltada para as demandas da população”
9 de abril de 2018 Leilane SversutiCom uma trajetória de luta política ativa na UESB, Márcia Lemos chega à candidatura à reitoria com a proposta de tornar a instituição uma universidade popular. A professora do Departamento de História ganhou notoriedade entre estudantes, técnicos e docentes após passar pelo cargo de presidente da Associação dos Docentes (Adusb), entre 2014 a 2016.
Márcia iniciou a vida profissional aos 17 anos, atuando como professora. Na Uesb, fez concurso em 1999 para a graduação de História. Antes disso, foi estudante desse mesmo curso, concluído em 1995. Como professora da Uesb, foi Coordenadora do Colegiado de História. Mais tarde, foi morar no Rio de Janeiro, onde fez mestrado (2002-2004) e doutorado (2005-2009) em História Antiga, na Universidade Federal Fluminense (UFF). Quanto à Adusb, ela conta ter uma relação afetiva com o sindicato por ter tido a possibilidade de aprender suas práticas políticas.
“Ocupar cargos na universidade nunca fez parte dos meus projetos. Para mim, a prioridade é atuar como professora”, afirma Márcia. Sobre sua candidatura: “Nós temos um grupo dentro da universidade de professores, discentes e técnicos-administrativos. Avaliamos os projetos que não correspondiam ao nosso ideal de uma universidade popular, então, a gente chega a essa candidatura. É um projeto de pessoas que historicamente defendem a universidade, o serviço público de qualidade para a maioria da população brasileira”.
Indo de acordo a esse ideal de universidade popular, ela concorre à reitoria junto com Nelma Gusmão, docente no campus de Itapetinga, na chapa “Tempo de Replantar Sonhos”. Uma das bandeiras levantada pela chapa é a autonomia universitária. Para Márcia, é necessário que os gestores da Uesb não estejam alinhados com políticas que tirem o compromisso do estado com a universidade e que lutem por um financiamento adequado. “Hoje, o financiamento para as quatro unidades estaduais é um valor insuficiente.”
Ela acredita que, para manter os pilares da universidade (Pesquisa, Ensino e Extensão), é preciso continuar reivindicando os 7% da Receita Líquida de Impostos (RLI) e dialogar com as prefeituras locais, Câmaras Municipais, etc., demonstrando, dessa forma, a importância de manter uma universidade pública como patrimônio público financiado pelo Estado. Para Márcia, esse é um caminho árduo e longo a percorrer, devido a forma como os recursos são administrados, mas, sendo essas as prioridades, ela diz que é necessário definir políticas institucionais para aplicação dos investimentos de modo a reforçar esse tripé.
Márcia afirma ainda ser necessária uma mudança na postura passiva da atual administração. “Na maior parte das vezes, a gestão atual implementa contingenciamentos impostos pelo Governo Estadual sem fazer nenhum tipo de questionamento. Avaliamos que esse modelo de gestão, é deletério. Não estabelece prioridades, não defende os interesses da comunidade universitária, e é por isso que entendemos que esse modelo de gestão precisa ser urgentemente substituído por um mais moderno, no sentido de se construir e reforçar uma universidade que seja voltada para as demandas da maioria da população e não apenas para uma parcela dela”, diz a candidata.
Caricatura: Gil Brito.