Multidão sai às ruas em Conquista no ato #EleNão
Mulheres de diferentes idades, além de crianças e homens, foram apoiar a causa contra o candidato à presidência, Jair Messias Bolsonaro (PSL) 1 de outubro de 2018 Karina CostaMais de 10 mil pessoas protestaram, dia 29 de setembro, sábado, em Vitória da Conquista, contra o presidenciável Jair Messias Bolsonaro (PSL). O ato #EleNão, organizado por um grupo de 10 mulheres da cidade, passou pelos principais pontos do Centro. Saiu, às 11h 30, da Praça Barão do Rio Branco e acabou, às 14h 30, na Praça da Bandeira. Mulheres, homens e crianças fizeram o percurso entoando o hino #EleNão #EleNão.
O movimento surgiu do grupo “Mulheres Unidas contra Bolsonaro”, no Facebook, criado no mês de agosto pela publicitária baiana, Ludimilla Teixeira. Em pouco tempo, a página conseguiu a adesão de mais de 3 milhões de mulheres. A partir dessa movimentação pela internet, foi organizado o evento #EleNão que resultou em protestos contra o candidato à presidência em 66 países.
O ato #EleNão de Conquista também foi organizado exclusivamente pelo Facebook com a criação do dia do evento, pela ferramenta disponível nessa plataforma. A data escolhida foi a mesma das restantes realizadas pelo Brasil. Na página, 1,3 mil pessoas confirmaram presença antecipadamente e duas mil marcaram estarem interessadas em participar.
Maris Stella Schiavo Novaes e Leniram Rocha foram as mulheres que deram início ao movimento na cidade. Na rede social, conseguiram atingir mais de 3 mil mulheres, mas, segundo as organizadoras “era preciso sair das redes virtuais e tomar as ruas da cidade. À nossa organização, foi se somando entidades e pessoas que nos auxiliaram na execução de todo o ato”.
Além de Maris Stella e Leniram, mais oito mulheres participaram da organização do ato #EleNão em Conquista. Entre elas, os nomes que nos foram autorizados a divulgar são: Daniela Araújo, Geisa Sousa, Ester Cunha, Nildma Ribeiro, Cris Lovy e Gabriela Correia. O manifesto, assinado por todas elas, enfatiza que o dia 29 de setembro de 2018, contou com mais de 10 mil pessoas “caminhando e fortalecendo ainda mais a evidência, a coragem e a resistência da mulher sertaneja nesse importante momento histórico”.
Em Conquista, o movimento foi diverso, havia mulheres de diferentes idades, jovens, adultas, senhoras, além de crianças e homens que foram apoiar a mesma causa: o repúdio ao racismo, a misoginia, machismo, a homofobia e a intensificação da violência para combater a insegurança das cidades defendidas pelo candidato Bolsonaro. Para isso, levaram cartazes demonstrando a sua insatisfação, fizeram camisetas e até pintaram o próprio corpo. O roxo como cor símbolo do movimento foi definido nacionalmente, mas houve uma variedade de opções tal qual um arco-íris no ato local. A criatividade estava liberada para cada um escolher a sua forma de melhor se manifestar.
A estudante e membro do coletivo Levante Popular da Juventude Aline Dourado, 20 anos, foi uma das participantes. “Hoje, a gente está nas ruas para dizer que Bolsonaro não representa as mulheres, não representa os negros, não representa o pobre e nem a comunidade LGBT. A gente tá na rua sem medo de lutar e para dizer #EleNão”, afirmou.
Já a professora aposentada, Lúcia Dórea, fez questão de estar presente no ato por acreditar na luta contra qualquer tipo de atitude que fere a liberdade e as particularidades de cada um. “Pela democracia, #EleNão. Pela liberdade do cidadão, #EleNão”. A socióloga e professora da Uesb, Núbia Regina Moreira, também presente, salientou a defesa dos direitos das mulheres. “Nós mulheres lutamos para conquistar nossa igualdade, muitas de nós morreram, e por isso estamos aqui para perpetuar a igualdade de gênero”, enfatizou.
As mulheres iniciaram esse movimento e estavam em maior número durante o ato em Conquista, mas os homens também estiverem presentes em apoio à causa. Alexandre Botini destacou que a luta é contra o retrocesso e a destruição de uma democracia que ainda está dando os seus primeiros passos. “O fascismo no Brasil é perpetuado através da sua política de segurança pública que é genocida, classicista e racial. Vários preceitos da ditadura militar ainda persistem nos dias de hoje. Não pode haver retrocessos”, explicou.
A cobertura completa ao vivo pelo Avoador pode ser conferida aqui.
Foto destacada: Arquivo/Site Avoador