Professores das universidades estaduais protestam contra as perdas salariais em Salvador
Há sete anos os servidores docentes não recebem um reajuste linear capaz de impedir as perdas salariais provocadas pela inflação 28 de abril de 2022 Mariana OliveiraNesta quarta-feira (27/04), professores das quatros universidades baianas, Uesb, Uefs, Uneb e Uesc, fizeram um protesto em Salvador, na Praça da Piedade, a partir das 14 horas, contra o arrocho provocado por sete anos de perdas de poder aquisitivo do salário da categoria. Na Uesb, houve mobilização na parte da manhã, quando um café foi servido aos docentes na entrada da instituição.
De acordo com a vice-presidente da Adusb, Suzane Tosta, o protesto unificado das quatro universidades baianas foi a maneira encontrada para “denunciar a falta de diálogo do governo Rui Costa, para denunciar o arrocho salarial, para denunciar a falta de políticas para a universidade, que é tão importante para a sociedade baiana”. “Estamos aqui em defesa das universidades públicas, e a defesa das universidades públicas se faz também com respeito aos seus trabalhadores, com condições de trabalho, com investimentos”, pontuou.
Da Uesb, 20 docentes participaram do ato, que teve muitos discursos dos dirigentes sindicais e faixas com palavras de ordem contra o arrocho salarial. Há sete anos os servidores docentes não recebem um reajuste linear capaz de impedir as perdas salariais provocadas pela inflação. Em janeiro de 2022, o governador Rui Costa deu 4% de reajuste, mas o percentual ficou bem inferior ao acumulado inflacionário do ano passado, que foi de 11%.
Além do reajuste de 4%, o governo estadual deu um aumento que varia de acordo a carga horária de trabalho. Mas os benefícios variam entre 7% e 9%, percentual muito abaixo da inflação acumulada do período, cerca de 50%. E mais: o reajuste de salário por carga horária vai de encontro ao que rege o Estatuto do Magistério Superior (lei 8.352/02). O professor da Uesb, Wesley Amaral, acredita que é necessário haver um “reajuste justo, que compense as necessidades dos docentes, das docentes, das Universidades Estaduais em relação ao processo inflacionário de sete anos”.
Os docentes, assim como a maioria da classe trabalhadora do país, têm visto pesar no bolso o crescimento da inflação e do preço dos alimentos e combustíveis. “É preciso levar em consideração que nossa condição não é mais a mesma. O que nós poderíamos comprar, o que poderíamos adquirir, o conforto que poderíamos dar a nossa família há sete anos atrás não dá mais agora,” enfatiza a professora da Uesb, Alessandra Bueno.
Resistência
A manifestação docente também aconteceu em Salvador, na Praça da Piedade. Durante um ato em conjunto, os professores das quatro universidades estaduais da Bahia (Ueba) falaram sobre o processo de sucateamento das instituições de ensino superior. Alguns dos problemas relatados foram a falta de investimentos, de concursos públicos, o desrespeito à autonomia universitária e aos direitos trabalhistas, e a política de permanência estudantil precária.
Movimentos sociais estiveram presentes no protesto, em solidariedade aos docentes. O militante do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), Herberson Sonka, denunciou que o Partido dos Trabalhadores (PT) vem adotando nas Ueba uma política “extremamente neoliberal”. O militante comparou o arrocho salarial dos professores e o sucateamento das universidades pelo governo estadual a uma jiboia, “que envolve a universidade e quando se pensa que é um abraço, vai asfixiando, vai tirando o oxigênio, quebrando a coluna dorsal, arrebentando as universidades”. “Nós estamos aqui, enquanto movimento social, para garantir que a luta dessas universidades, sobretudo a luta da Adusb, que é de onde venho, possa resistir”.
Futuro
Apesar da mobilização docente desta quarta-feira (27/04) ter tido grande repercussão na mídia, o governo do estado ainda não retomou os trabalhos de negociação com a categoria e permanece irredutível. O presidente da Adusb, Alexandre Galvão, assegura que os professores conhecem a resistência do governo e “quantos ataques enfrentamos durante esses anos, mas não podemos abaixar a guarda. É momento de fortalecer a luta, ir para cima, pois só assim poderemos combater o arrocho salarial”.
Fotos: Ascom Adusb