“A previsão é ampliar o orçamento da política territorial”, sinaliza a Superintendente de Cultura da Bahia

Ela esteve em Vitória da Conquista entre os dias 20 e 22 de janeiro, realizou reuniões e participou da visita ao Projeto Social Maria Nilza 29 de janeiro de 2024 Rafaella Leite

Há um ano como superintendente do Desenvolvimento Territorial, na Secretaria Estadual de Cultura da Bahia, Amanda Cunha, 38 anos, esteve em Vitória da Conquista nos dias 20 e 22 de janeiro. Na ocasião, ela deu uma entrevista exclusiva ao site Avoador, quando explicou o quanto a cultura foi afetada nos últimos anos, a reconstrução a partir de 2023 e as ações estaduais que tem sido implementadas no estado.
Durante a estada em Conquista, a superintendente participou de uma reunião, no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima, com a coordenadora do Centro de Cultura, Victoria Vieira, com a representante Territorial da Cultura, Taís Pimenta, com a diretora do Núcleo Territorial de Educação (NTE20), Lenira Figueiredo, e com o coordenador do Núcleo Territorial Neojiba, o maestro João Omar.

Superintendente se reúne com lideranças  territoriais no Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima. Foto: Denilson Soares

Ela também conheceu a sede do projeto social Maria Nilza, fundado pela líder comunitária, Maria Nazaré, no bairro Patagônia, e participou de uma reunião aberta do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) da Bahia, no dia 22 de janeiro. Essa atividade contou ainda com a presença de políticos do Partido dos Trabalhadores, como o ministro da Casa Civil, Rui Costa, o senador, Jaques Wagner, o governador da Bahia, Gerônimo Rodrigues, e o deputado federal, Waldenor Pereira.

Na entrevista, Amanda enfatizou a participação conquistense na luta pela manutenção dos recursos culturais e elogiou o setor de produções audiovisuais da cidade. “É muito interessante e positivo que a capital não seja um dos grandes protagonistas pela disputa de recursos. Nós percebemos uma grande articulação e concentração no setor audiovisual em Vitória da Conquista, que deve servir de exemplo aos outros territórios, tornando o setor uma expressão não só do Estado mas também nacional.”

Amanda Cunha visitou sede do projeto social Maria Nilza fundado por Maria Nazaré no bairro Patagônia. Foto: Projeto Maria Nilza

Avoador – Comente sobre os retrocessos na economia cultural da Bahia nos últimos anos.

Amanda Cunha: Nós estávamos há praticamente seis anos sem políticas federais de incentivo à cultura. Durante o governo Bolsonaro, o Ministério da Cultura (MinC) foi extinto e transformado em uma secretária do Ministério do Turismo, o que levou a políticas culturais muito esvaziadas. No governo passado, a Lei Rouanet continuou a receber aportes volumosos de leis de incentivos federais, mas o repasse para os estados e, consequentemente, para os municípios cessaram bem como os editais em todas as áreas juntamente com o fim da Ancine (Agência Nacional de Cinema).

Neste ano, com a retomada do Ministério da Cultura (MinC) foi possível ampliar o recurso de Fundo de Cultura da Bahia.

Avoador – Quais foram os avanços alcançados no último ano?

Amanda Cunha: Neste ano, com a retomada do MinC, foi possível ampliar o recurso de Fundo de Cultura da Bahia e será destinado ao Carnaval Ouro Negro cerca de 15 milhões, a serem utilizados nos blocos de afoxé, afro, índios, reggae e blocos de cultura popular. Recentemente foram lançados os editais setoriais e calendarizados, tendo sido finalizado o processo de execução da Lei Paulo Gustavo no valor de 3 bilhões. O estado da Bahia tem em execução 150 milhões em investimentos somente na Secretaria de Cultura do Estado, e há ainda expectativa pelo retorno da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), que transformou-se agora no programa nacional Audir Blanc II, com o prazo de cinco anos de execução.

Avoador – Vitória da Conquista foi o município do interior baiano com maior número de inscritos na Lei Paulo Gustavo, como a SecultBa avaliou essa participação?

Amanda Cunha: Para nós é muito interessante e positivo que a capital não seja um dos grandes protagonistas pela disputa de recursos via editais. Nós percebemos uma grande articulação e concentração no setor audiovisual em Vitória da Conquista, que deve servir de exemplo aos outros territórios. Tornando o setor uma expressão não só do estado mas também nacional.

Nós recebemos mais de nove mil propostas em todos os 27 territórios de identidade, além da capital, gerando emprego e renda.

Avoador – Quantas propostas culturais foram inscritas no edital?

Amanda Cunha: Nós recebemos mais de nove mil propostas de todos os 27 territórios de identidade do estado, além da capital. Se formos quantificar o número de pessoas por grupos esse número quase que triplica, gerando emprego e renda.

Avoador – Na próxima semana, o NTE20 (Núcleo Territorial de Educação 20) promove mais uma edição da Biblioteca Móvel. Como esses projetos que incentivam a leitura contribuem para a preservação e a valorização da identidade e da memória do povo nordestino?

Amanda Cunha: A Bibex (Biblioteca de Extensão) tem desempenhado o importante papel de levar uma biblioteca itinerante para os municípios que não dispõem de uma biblioteca municipal ou comunitária. A relevância fica ainda mais significante por ser em uma era em que a maioria das interações é feita por celular, num mundo hiper conectado. E é importante pois leva aos alunos a conhecerem a história de seus próprios lugares de origem.

Estamos abertos ás propostas dos autores e produtores culturais, podem entrar em contato com a SUDECULT ou com os RCT’s.

Avoador – Autores locais independentes podem tentar parcerias com a Bibex?

Amanda Cunha: Com certeza, estamos abertos às propostas, os autores e demais produtores culturais podem estar entrando em contato conosco ou com os representantes Territoriais de Cultura (RTC’s) em cada território. A iniciativa é importante pois leva aos alunos a oportunidade de conhecerem a história de seus próprios lugares de origem.

Avoador – Quais resistências a Secult ainda enfrenta na criação e implementação de novas iniciativas culturais em municípios do interior?

Amanda Cunha: Existe uma dificuldade moral na forma como a sociedade percebe o artista, considerando-o desocupado e sem relevância profissional. Além disso, há também uma dificuldade estrutural relacionada à falta de investimento em cultura nos municípios.

A previsão é de um orçamento capaz de ampliar a política territorial de cultura e o aprofundamento em políticas públicas direcionadas aos quilombolas e povos originários.

Avoador – Quais projetos foram idealizados para o ano de 2024?

Amanda Cunha: A previsão é de um orçamento capaz de ampliar a política territorial de cultura, a realização da 10ª edição do projeto “Ocupe seu Espaço” e o aprofundamento em políticas públicas direcionadas aos quilombolas e povos originários.

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