Semana de Jornalismo encerra segundo ciclo do Transversalidades

O evento abrangeu temas como inteligência artificial, checagem de fatos, design e radiojornalismo abordados em mesas de conversas e oficinas 26 de abril de 2023 Victória Meira Amaral e Edilaine Rocha

A Semana de Jornalismo, evento parte do Transversalidades, aconteceu na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), entre os dias 14 e 20 de abril. O evento abrangeu temas como inteligência artificial, checagem de fatos, design e radiojornalismo abordados em mesas de conversas e oficinas. 

A oficina de Design, ministrada pelo jornalista Marcos Túlio da Rocha Pereira, abriu a Semana de Jornalismo. Para ele, a turma aproveitou o momento para aprender na prática sobre o tema. “Eles estão prontos para iniciar no design para produzir conteúdo para a internet, impresso ou qualquer coisa”, disse. A aluna de Jornalismo Séfora Santos falou da importância da oficina para sua formação. “Nós estamos na era digital então temos a obrigação de saber mais sobre esse universo.” 

Na terça-feira (18/04) houve a abertura oficial do evento e mesa de conversa para debater o tema Radiojornalismo: autonomia profissional, normas organizacionais e a participação do público, mediada pelo professor Dirceu Góes. Os palestrantes foram os jornalistas formados pela Uesb Kleyton Costa, Max Dayan e Patrícia Roma. 

Kleyton tem 12 anos de experiência na Rádio Sociedade de Feira de Santana e passou pelo jornalismo policial onde trabalhou utilizando a checagem de fatos. Ele disse que esse trabalho foi fundamental para adquirir o respeito do público e da própria Polícia, além de ganhar credibilidade.“Sem dúvida a academia nos dá o embasamento teórico de como agir, de como proceder de forma técnica e também de forma ética”, completou. 

A jornalista Patrícia Roma é gerente administrativa e supervisora de Jornalismo há 13 anos na Rádio Baiana FM na região Sisaleira e bacia do Jacuípe. Ela afirmou que o jornalista deve “dar ao povo o que é de útil para a vida dele”.  Patrícia também aobordou as dificuldades de ser uma mulher ocupando um cargo de chefia e da responsabilidade que tem ao definir pautas que sejam voltadas ao interesse público. 

Max Dayan, jornalista na rádio comunitária de Mortugaba, falou sobre a relação entre o jornalismo e o público e a importância do trabalho ser norteado pela ética. “Na minha cidade, eu peguei essa missão de levar o jornalismo com o máximo de ética possível, que a gente aprende dentro da própria universidade. O jornalismo não é sobre você, é sobre o outro. O jornalismo precisa ser voltado para o interesse da população, principalmente no interior.”

Na tarde do mesmo dia, Afonso Ribas, que é jornalista formado pela Uesb e co-fundador do site Conquista Repórter, ministrou a oficina Como Criar Seu Negócio em Jornalismo. A estudante de Jornalismo e participante da oficina Yasmin Luene disse que “foi um momento proveitoso pois pôde nos dar uma visão de futuro sobre o que podemos fazer e empreender na área de jornalismo.” Afonso falou que foi um momento em que pôde voltar à universidade. “Eu pude compartilhar um pouco das experiências e vivências que tenho tido no empreendedorismo através do Conquista Repórter.”

No dia 19 de abril, a mesa de Relatos de Experiência de estudantes de Jornalismo e jornalistas que passaram pelo Programa Jornalismo como Forma de Transformação Social, que o Avoador faz parte. No auditório do Luisão, o jornalista Felipe Ribeiro falou sobre como é trabalhar no projeto. “O Avoador, nos ofereceu uma percepção muito maior, não só do jornalismo, mas como a sociedade vê o jornalismo, como nós jornalistas enxergamos o que nós queremos fazer, queremos passar pra comunidade” disse. 

Mariana Oliveira, jornalista que trabalhou com jornalismo guiado por dados quando atuava no Avoador, falou sobre as várias vertentes que esse tipo de abordagem pode tratar. “Não tem como ficar preso só a um tipo de área, como é o caso que a gente fez na saúde, pessoal fez na política, dá  pra fazer sobre economia, sobre qualquer área em específico.” 

“Vitória da Conquista e região é um local onde quase não é possível encontrar veículos de comunicação digital para estagiar e aprender com um jornalista profissional e disposto a ensinar. O site Avoador me proporcionou isso, conhecimento muito além do que eu poderia conseguir desde o terceiro semestre do curso”, afirmou a estudante de Jornalismo Malu Lima sobre sua experiência no Avoador. 

A segunda mesa do dia teve como palestrante a convidada Pollyana Ferrari,pós doutora em comunicação pela Universidade de Beira Interior (UBI) de Portugal, que falou sobre Inteligência Artificial, Desinformação e Comunicação. Em sua fala, ela abordou a ética na comunicação. 

“Os grandes desafios não conseguiremos barrar, precisamos discutir ética envolvendo essa nova tecnologia que já está sendo desenvolvida a pelo menos uma década tendo como desafio ao jornalista regular e usar essa plataforma de forma ética. O repórter vai poder usar o Chat Gpt pra pesquisar, mas jamais para o próprio texto, ou  usar a pesquisa da IA ( inteligência artificial) para imagem, jamais substitui uma fotografia de um foto jornalista ou um fotojornalista”

Durante a tarde, aconteceu a oficina de Checagem de Fatos, com a aluna de Jornalismo Lalume Carneiro. “É muito importante trabalhar esse tema na faculdade com algum destaque, porque é algo que é abordado de forma rápida e às vezes não têm o aprofundamento que merece”, afirmou a estudante.

O último dia da Semana de Jornalismo aconteceu de forma remota, na quinta-feira (20/04), onde o tema Jornalismo Independente foi discutido tanto na esfera nacional quanto na esfera local. Para a discussão em nível nacional, estiveram na mesa Mariama Correia de Pernambuco e Felipe Medeiros de Roraima. 

A convidada Mariama Correia, jornalista que trabalha como editora e repórter na Agência Pública e é idealizadora e co-fundadora do Cajueira, falou sobre o trabalho no jornalismo independente, citando que há imprevistos, falta de incentivo e verba. “Fazer esse tipo de jornalismo no Brasil tem sido bastante desafiador nos últimos anos”, afirmou. 

Felipe Medeiros, que é jornalista freelancer, também citou as dificuldades e desafios de trabalhar com um jornalismo que não tem patrocínios e apoios definidos, mas te dá a liberdade de falar sobre temas e denúncias. Entretanto, ele acrescenta que isso também apresenta alguns perigos. “Fazer jornalismo independente nos traz riscos, então é preciso ter cautela.”

Raquel Lemos e Victória Lôbo, ambas formadas em Jornalismo pela Uesb, participaram como representantes dos profissionais que trabalham com jornalismo independente local. Raquel é co-fundadora do Site Coreto, da cidade de Poções, e Victória é co-fundadora do site Conquista Repórter. 

 “Quando fomos selecionadas para um grande evento que entendemos a força do nosso jornalismo, a potência que tem o jornalismo local e a importância de olharmos para esses municípios, o jornalismo existe mas tende a olhar pras grandes centros pras grandes capitais “, disse Raquel Lemos. 

Victória Lôbo mencionou as oportunidades de empregos que as empresas oferecem para quem é jornalista. “”Quando começamos a entrar no mercado de trabalho no início entramos no marketing percebemos que não era o que realmente gostávamos de fazer, acho que é muito comum principalmente aqui no interior a gente sair do jornalismo e ser absorvido pela agências de publicidade de marketing a partir daí resolvemos criar a nossa própria empresa nesse meio tempo percebemos que gostávamos mesmo era do jornalismo.” 

A Semana de Jornalismo foi o segundo ciclo do Transversalidades: jornalismo, diversidade e audiovisualidades e teve o apoio da agência Gente Propaganda, do restaurante e pizzaria Marinheiro, vereador Alexandre Xandó e da ex-candidata a prefeita de Vitória da Conquista pelo PCB Luciana Oliveira.

 

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