Adolescentes são resgatados em situação análoga à escravidão em time de futebol baiano

As vítimas estavam no alojamento do Jacobinense Esporte Clube, localizado no bairro de Cajazeiras, em Salvador, onde realizavam os treinos pelo time 16 de junho de 2022 Victória Meira Amaral

No domingo (12/05), cinco adolescentes que trabalhavam em situação análoga à escravidão no alojamento do time de futebol baiano Jacobinense Esporte Clube foram resgatados em Salvador. O resgate foi realizado por auditores fiscais da Superintendência Regional do Trabalho na Bahia (SRT-BA). As idades das vítimas não foram divulgadas.

 

A situação foi descoberta após a prisão temporária do técnico do time, que foi acusado de abuso sexual dos jovens. No local, os técnicos constataram que a situação em que viviam os adolescentes era precária. A superintendência afirmou que, além de receberem alimentação inadequada, as vítimas tinham uma rotina de trabalhos intensos, participavam, inclusive, de competições pelo time, e eram mantidas presas no alojamento. 

 

O Jacobinense Esporte Clube não cumpria nenhum dispositivo legal da Lei Pelé, como o pagamento de bolsa-auxílio ao atleta, a assinatura de contratos de atletas em formação e a garantia de matrícula em unidade escolar. 

 

Em nota, o time informou que “em nenhum momento teve qualquer tipo de vínculo com os jovens” e que “refuta veementemente que estes jovens eram mantidos em situação precária pelo clube, e que tampouco tinham qualquer tipo de contrato de trabalho, formal ou informal com os referidos jovens.” O Jacobinense também afirma que “não possui em seu quadro de funcionários nenhum colaborador menor de idade, o que foi informado e provado através do fornecimento do extrato do eSocial à SRT.”

 

Prisão do treinador

 

A prisão do treinador ocorreu no dia 18 de março deste ano, durante a operação Flor de Lótus, da Polícia Civil. Ele é investigado por abusar sexualmente de adolescentes que faziam parte da equipe do Jacobinense e não teve seu nome divulgado devido à Lei de Abuso de Autoridade, que proíbe a divulgação de nomes e imagens de detidos por agentes das Polícias Civil e Militar. 

 

A Polícia informou que, na época da prisão do treinador, além do mandado de prisão temporária, ele foi autuado em flagrante por armazenar e compartilhar material pornográfico envolvendo menores de idade. O homem também não possuía documentação exigida para exercer a função de treinador. A Polícia Civil chegou ao suspeito por meio de denúncias e as investigações duraram dois meses.

 

Imagem em destaque: Pexels

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