Caravana dos Povos de Terreiro da Bahia é realizada em Conquista

Cerca de 170 participantes estiveram presentes, entre pais, mães, filhos de Santo, estudantes do Ensino Médio e população em geral 21 de novembro de 2023 Gabriel Goes, Matheus Marinho, Michael Costa

No dia 27 de outubro, aconteceu em Vitória da Conquista, no Colégio Estadual Professora Heleusa Figueira Câmara, as ações da Caravana de Educação em Direitos dos Povos de Terreiro da Bahia.  Cerca de 170 participantes estiveram presentes, entre pais, mães, filhos de Santo, estudantes do Ensino Médio e população em geral. 

O evento foi organizado pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (Sepromi) e da Defensoria Pública do Estado (DPE). De acordo com o coordenador executivo de Políticas para os Povos de Terreiros da Bahia, Tiago Henrique Santos Batista, a proposta do evento foi informar o povo de terreiro sobre os seus direitos e contribuir para o cumprimento do direito constitucional que garante a ampla liberdade de crença e de culto. “É uma ação onde a gente traz todo o sistema de justiça, onde a gente reúne com o povo de terreiro e mostra sobre os seus direitos. É formação e informação para salvar vidas.”

A programação da Caravana se iniciou com um café da manhã para todos os participantes, logo após, aconteceu a abertura oficial.  A mesa inaugural contou com representantes das seguintes instituições: presidente do Conselho Municipal da Igualdade Racial, Tata João da Silva; Diretora do Núcleo Territorial de Educação do Sudoeste da Bahia/NTE 20, Lenira Souza; coordenador executivo de Políticas para Povos de Terreiro da Bahia/Sepromi, Tiago Henrique; delegada da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher de Vitória da Conquista, Christe Correia; defensora Pública da Bahia, Cláudia Conrado, que também é Membro do Grupo de Equidade Racial; , vereadora PCdoB, de Poções, Larissa Laranjeira;  coordenação de Igualdade Racial Municipal de Vitória da Conquista, Ricardo Alves de Oliveira (Pai Ricardo; representante da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários/Proex, Márcio Luís da Silva Paim (Baba Márcio);  representante de Sepromi, Nildma Ribeiro; Conselheira de Igualdade Racial, Rosilene Santana (Mãe Rosa);  agente de Desenvolvimento Territorial do Sudoeste Baiano/Seplan, Alisson Pires; e a defensora Pública da Bahia, Kaliany Gonzaga. Em seguida foi realizada uma apresentação cultural com os atabaques, músicas e as danças de matrizes africanas

A programação contou com um café da manhã para os participantes. Foto: Michael Costa

O evento seguiu com dois painéis, o primeiro “Povos de Terreiro e o acesso a direitos”, ministrado pela defensora pública, Cláudia Conrado, que começou às 11h30; o segundo, “Direito a rituais fúnebres, a oferenda em locais públicos e ao abate religioso”, que ficou sob a responsabilidade da presidente da Comissão de Igualdade Racial da Bahia, Maria Aparecida Carvalho, iniciou às 12h20. Depois,  os participantes tiveram o intervalo do almoço.

À tarde, às 14h, houve o painel “Combate ao racismo estrutural e institucional na educação e na saúde”, abordando os impactos do racismo na saúde dos Povos de Terreiros e também o cumprimento da Lei 10.639, que obriga o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. o palestrante foi o representante da Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários/Proex, Márcio Luís da Silva Paim (Baba Márcio). O painel 4 “Intolerância e Racismo Religioso, como denunciar?”, que começou às 15h30, contou com a participação de  coordenação de Igualdade Racial Municipal de Conquista, Ricardo Alves de Oliveira (Pai Ricardo),  a delegada da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (Deam) de Vitória da Conquista, Christe Correia; coordenador do Centro de Referência Étnico Racial – Mãe Stella de Oxóssi, da Superintendência de Prevenção à Violência (SPREV), Major Sidney Reis; a advogada do Centro de Referência de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa Nelson Mandela (CRNM), Helenice Santos.

De acordo com Sheila Souza, Abian do Ilé Àsę Yèyé Omi Titun, o debate trazido pela Caravana foi produtivo para os Povos de Terreiro do Sudoeste da Bahia. “Para Vitória da Conquista, que é um lugar cheio de axé, cheio de Povos de Terreiro, esse debater é fundamental, enquanto cultura negra, enquanto  religiosidade. E também que há saídas para a intolerância religiosa, para o racismo religioso.”

Para a vice-presidente do Conselho de Igualdade Racial da Bahia, Laiz Gonçalves, a Caravana chegou para fortalecer a luta contra a intolerância religiosa em Conquista. “Eu também sou vice-presidente do Conselho de Igualdade Racial, e a gente tem recebido várias denúncias de escolas, tanto municipal como estadual, na questão do racismo religioso sofrido pelos alunos daquelas escolas”.

Gonçalves, que também é articuladora social e cultural do Beco de Dóla, mencionou o caso de intolerância religiosa que acabou culminando na interrupção das festividades na comunidade, ocorrida no dia 22 de outubro, quando era celebrado o Dia das Crianças. “No último domingo, a gente sofreu um ataque de um grupo de evangélicos da Igreja Assembleia de Deus, esteve lá no Beco, onde estava tendo uma festa do projeto social. Eles bagunçaram, chegaram com palavras de afronta, falaram que estavam naquele lugar para poder expulsar o Satanás que tinha naquele lugar. E nós, povos de terreiro, nós não cultuamos Satanás. Nós cultuamos os nossos Orixás. E se fosse o contrário? Se fossemos nós de terreiro indo para a porta da igreja fazer um culto, louvar o Exú, eles aceitariam? Então fica a minha pergunta. Se na bíblia deles diz que perante a Deus somos todos iguais e perante a lei, por que eles não nos respeitam?”

Cerca de 170 participantes estiveram presentes, entre estudantes do Ensino Médio, pais, mães e filhos de Santo. Foto: Michael Costa

Caravana no Sudoeste

A Caravana de Educação em Direitos dos Povos de Terreiro da Bahia foi lançada no mês de setembro, em Cachoeira. A edição em Conquista é a segunda realizada pela programação, que também inclui Brumado e Jequiè. Segundo o governo da Bahia, o evento deve ser realizado em todos os 28 territórios de identidade do estado até o próximo ano. De acordo com dados da Federação Nacional do Culto Afro-Brasileiro (Fenacab), atualmente, existem quatro mil terreiros registrados no estado.

Confira o perfil do site Avoador no Instagram que apresenta as atividades da manhã da Caravana de Educação em Direitos dos Povos de Terreiro da Bahia, em Vitória da Conquista:

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