Ilhéus é a segunda cidade baiana com mais casos da covid-19
Médico ilheense que morreu após uso da combinação de hidroxicloroquina e azitromicina foi a 46ª morte confirmada pela doença na Bahia 21 de abril de 2020 Larissa Araújo Costa SouzaA cidade de Ilhéus, oitava mais populosa da Bahia, localizada na região Sul do estado, chegou a marca de 92 casos confirmados da covid-19, nesta terça-feira (21/04), ocupando assim o posto de segundo município baiano com mais doentes da pandemia. O primeiro lugar em casos é de Salvador com 922 pessoas infectadas.
Uma das explicações para o número alto de casos é o não cumprimento do isolamento social. Por conta disso, o prefeito de Ilhéus, Mário Alexandre, solicitou ao secretário Estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, o apoio da Polícia Militar para que a população cumpra o decreto de fechamento do comércio publicado em 22 de março, já que a Guarda Municipal não tem obtido êxito nessa tarefa.
O decreto, como medida de enfrentamento à pandemia, entrou em vigor em 23 de março. Por meio dele foram suspensas as atividades de bares, restaurantes (exceto os serviços de entrega), casas noturnas, igrejas e templos. Foram proibidos também eventos e reuniões com mais de 50 pessoas. As instituições financeiras foram liberadas para funcionar até às 15h, e os estabelecimentos comerciais de serviços essenciais, como farmácias, supermercados e postos de combustíveis podem permanecer abertos no horário comercial.
Nesta segunda-feira, 20 de abril, a Prefeitura prorrogou por mais oito dias a suspensão do comércio e da circulação dos ônibus do transporte coletivo na cidade. As aulas da rede municipal também foram suspensas por mais 15 dias e os supermercados foram obrigados a controlar o número de clientes dentro dos estabelecimentos.
No entanto, nas ruas, os bancos apresentam longas filas e aglomeração. A Caixa Econômica Federal, que efetuou o pagamento do Auxílio Emergencial, é um exemplo do não cumprimento da orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de distanciamento social.
Segundo os próprios moradores, muitos não estão ficando em casa. De acordo com o policial da Polícia Penal, Antonio Jorge, as pessoas estão saindo às ruas para realizar atividades não essenciais, como jogar futebol na praia. Ele disse ainda que, nos bairros periféricos, o comércio não essencial continua a funcionar normalmente.
Já a técnica de Análises Clínicas, Maria Silva, observou que os supermercados estão lotados nos últimos dias. Um dos motivos é o pagamento do vale alimentação do governo estadual para os estudantes da rede de ensino público. O problema é que nesses locais as pessoas não praticam o distanciamento de dois metros necessários para evitar um possível contágio.
Além disso, como o transporte coletivo público foi suspenso, houve um aumento do número de veículos que realizam transporte clandestino na cidade, causando aglomeração nas paradas. Essa situação levou a Prefeitura a criar um Disk Denúncias, via Whatsapp e e-mail, que funciona das 8h às 23h. Por meio desse canal, a população pode denunciar eventos e estabelecimentos que estejam descumprindo as medidas preventivas.
Médico morre ao usar a hidroxicloroquina
Nesta terça-feira, 21, o médico Gilmar Calazans Lima, 55 anos, diagnosticado com covid-19 após apresentar os primeiros sintomas da doença em 11 de abril, morreu no Hospital Regional da Costa do Cacau, em Ilhéus. Segundo o Secretário Estadual de Saúde, Fábio Vilas-Boas, ele estava há 4 dias fazendo tratamento em casa com uma combinação de hidroxicloroquina e azitromicina.
Calazans era hipertenso e diabético e sofreu uma parada cardiorrespiratória por conta dos medicamentos. O Secretário de Saúde alertou sobre o uso da substância e disse que o paciente deve realizar uma avaliação cardiológica antes de fazer uso da hidroxicloroquina, pois pode levar a arritmias cardíacas graves.
O uso da hidroxicloroquina e azitromicina, mediante prescrição médica, foi autorizado pelo governo do estado para o tratamento de pacientes internados com diagnóstico positivo para a covid-19. No dia 8 de abril, o Secretário de Saúde da Bahia anunciou a medida para pessoas hospitalizadas no Sistema Único de Saúde (SUS).
Foto de capa: Secom/Ilhéus