Kirk Willams: um pessoa sem limites para viver

Apesar de um evento trágico, ele se adaptou e tem explorado e compartilhado suas aventuras sob a perspectiva de sua nova realidade 30 de agosto de 2022 Israel Peixoto

Ele pratica várias modalidades de esporte e viajou por  países da América Latina incluindo Argentina e Chile em uma cadeira de rodas. Seu nome é Kirk Williams, um estadunidense de 35 anos que ficou tetraplégico em 2009 após uma queda enquanto praticava pedal em Hall Ranch, Colorado.

Apesar desse evento trágico, Kirk não abandonou seu espírito aventureiro.  Ele se adaptou e hoje, mais que nunca, explora e compartilha suas aventuras sob a perspectiva de sua nova realidade. Tendo o céu como limite, ele conheceu lugares como a Patagônia, Cuzco e, recentemente, o Quênia. Todas essas viagens fizeram Kirk experenciar a questão da acessibilidade em diferentes lugares do mundo, ao testemunhar a situação precária que algumas pessoas que vivem nesses locais, ele tomou a iniciativa de ajuda-las de alguma forma.

Hoje, Kirk usa as redes sociais para mostrar não só as paisagens paradisíacas por aonde passa, mas também para divulgar o seu trabalho de ajuda humanitária em prol da causa PCD. Conheça mais sobre ele na entrevista exclusiva realizada por Israel Peixoto para o site Avoador.

Qual era a sua visão sobre pessoas com deficiência antes de ser tornar tetraplégico? Antes de ser tetraplégico, eu conhecia pessoas com deficiência, mas não conhecia ninguém pessoalmente. Eu, definitivamente, não sabia o quão ativos eles podem ser, como existe vários tipos de equipamentos para tornar as coisas mais acessíveis. Percebi depois de quebrar o pescoço que existe uma espécie de união entre todos nós que somos tetraplégicos e que nos entendemos mais do que a maioria.

 Tenho sorte por viver em um país que cuida de forma decente de pessoas com deficiência

Como é ser uma pessoa com deficiência nos Estados Unidos da América? Ninguém quer ser uma pessoa com deficiência em qualquer lugar, mas depois de viajar bastante, percebi como tenho sorte por viver em um país que cuida de forma decente de pessoas com deficiência. Temos leis em vigor para garantir que os lugares comerciais sejam acessíveis a todos e um seguro que nos permite comprar cadeiras de rodas e os suprimentos médicos que precisamos. Essas são coisas que muitas pessoas dão como garantidas aqui, mas percebo que grande parte do mundo não tem.

Viajar me desafia, me dá propósito e reitera como estamos todos juntos neste pequeno globo e precisamos cuidar uns dos outros

O que viajar significa para você? Viajar foi algo que sempre me interessou. Ser capaz de ver e experimentar outras culturas abriu meus olhos mais do que qualquer livro ou programa de TV jamais poderia. Viajar me desafia, me dá propósito e reitera como estamos todos juntos neste pequeno globo e precisamos cuidar uns dos outros.

 O México, América do Sul e África me mostraram que em uma grande parte do mundo que não há os suprimentos médicos ou o financiamento necessário para as pessoas com deficiência viverem.

Como alguém que já viajou bastante, como você vê a discussão sobre acessibilidade nos lugares onde esteve? Dependendo dos países que visito, a acessibilidade e o tratamento das pessoas com deficiência são muito diferentes. A Europa e o Canadá parecem ser bastante semelhantes aos Estados Unidos, mas o México, América do Sul e África me mostraram que em uma grande parte do mundo que não há os suprimentos médicos ou o financiamento necessário para as pessoas com deficiência viverem. Aqui nos EUA, sempre se fala sobre acessibilidade e como tornar as coisas mais acessíveis para todos. Mas, quando eu estava no Quênia, percebi que não havia conversa sobre facilitar as coisas para pessoas com deficiência. Foi realmente difícil de ver e não poder fazer muito sobre. Em que país você teve a melhor recepção enquanto cadeirante? Não tenho certeza de qual país seria melhor enquanto cadeirante. O Reino Unido parece ser muito bom, os EUA, qualquer país rico parece ter o financiamento para cuidar de seus cidadãos com deficiência melhor do que os países em desenvolvimento.

A educação é fundamental e, quando eles não podem fornecer educação gratuita, água potável, alimentos e outros itens importantes, eles ficam sem cuidar dos seus cidadãos com deficiência.

As viagens que você fez o inspiraram a ajudar pessoas deficientes em todo o mundo. Você acredita que a desigualdade social está ligada ao capacitismo? Parece que a razão pela qual muitos dos países mais pobres não têm acesso às ferramentas e equipamentos de que precisam é por falta de recursos. Não é culpa de uma pessoa em particular, é apenas porque o país não tem dinheiro para ajudar a todos e, portanto, as pessoas com deficiência passam por um momento muito difícil. A educação é fundamental e, quando eles não podem fornecer educação gratuita, água potável, alimentos e outros itens importantes, eles ficam sem cuidar dos seus cidadãos com deficiência. Quando voltar à estrada pretende vir ao Brasil? Eu adoraria conhecer o Brasil! Fiquei três meses na fronteira quando a covid-19 chegou e não consegui. Tenho alguns amigos no Brasil e espero voltar um dia, mas não tenho certeza se conseguirei enviar a van de volta para lá. Isso era muito caro e meio que uma oportunidade única na vida. Mas quem sabe. Para saber mais sobre as viagens de Kirk Williams e os projetos sociais dos quais ele faz parte, junte-se aos seus mais 20 mil seguidores no Instagram @impact.overland. https://www.instagram.com/p/Cgw9_LAOBWj/ Israel Peixoto é articulista/colaborador do Avoador e esta é a sua primeira entrevista jornalística para o site. É um entusiasta do jornalismo e um escritor em formação. 

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