Bolsonaro prepara decreto para impedir exclusão de conteúdo pelas redes sociais
Após ter várias publicações retiradas de suas redes sociais por serem classificadas como enganosas, o presidente Jair Bolsonaro está preparando decreto que permite que as redes retirem publicações apenas com autorização judicial 21 de maio de 2021 Sara DutraO governo do presidente Jair Bolsonaro organiza um decreto para impedir a exclusão de conteúdo das redes sociais, como Instagram, Facebook, Twitter e Youtube. Até o momento, as plataformas podem retirar as publicações que descumprirem as regras ali determinadas.
Essa é uma promessa do governo federal mencionada em discurso de Bolsonaro no dia 5 de maio. De acordo com o presidente, o objetivo é dar liberdade para os usuários das redes sociais e punir as pessoas que não cumprirem as novas regras. A proposta prevê que as publicações só poderão ser deletadas por decisão judicial, em caso de violação ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), pedidos do próprio usuário ou de terceiros e em casos de crimes.
“Estamos na iminência de um decreto para regulamentar o Marco Civil da Internet, dando liberdade e punições para quem porventura não respeite isso”, disse Bolsonaro em evento no Planalto.
O texto foi escrito junto com o secretário de Cultura, Mario Frias, e aprovado pela consultoria jurídica do Ministério do Turismo. O decreto prevê ainda que uma pasta subordinada a Frias realize a fiscalização das empresas.
Durante a pandemia, algumas publicações de Bolsonaro e de seus apoiadores foram excluídas das redes sociais por serem consideradas informações enganosas que podem causar problemas reais aos leitores. Em abril, o Twitter classificou uma publicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que fazia uma crítica ao lockdown, como enganosa.
“O decreto restringe a liberdade das empresas de gerir seus ambientes online. Vai assoberbar o Judiciário com casos triviais”, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o professor de direito da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e diretor do ITS (Instituto de Tecnologia e Sociedade), Carlos Affonso Souza,.
O governo ainda pretende impor punições às empresas que violarem as novas regras com advertência e multa de até 10% do faturamento da empresa no país, ou até mesmo, proibir de exercer atividades no Brasil. Em abril, o secretário Mário Farias informou ao Ministério das Comunicações irregularidades nas retiradas de conteúdos, como violação da livre manifestação do pensamento.
Fonte: Folha S.Paulo