Pronunciamento de Bolsonaro, um paredão de ministros e o contra-ataque de Moro no JN
A sexta-feira do dia 24 de abril de 2020 já entrou para a história da política pela disputa de acusações entre o presidente Bolsonaro e seu ex-ministro da Justiça e Segurança 25 de abril de 2020 Natalie KruschewskyNa tarde desta sexta-feira (24/04), às 17h, após o pedido de demissão do ex-juiz Sérgio Moro durante coletiva pela manhã, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou um pronunciamento oficial em cadeia de rádio e televisão sobre o assunto. Na ocasião, ele se defendeu das acusações feitas pelo ex-ministro, entre elas, o interesse em interferir politicamente no trabalho da Polícia Federal (PF). “Se eu posso trocar um ministro, porque não posso, de acordo com a lei, trocar o diretor da PF? Eu não tenho que pedir autorização para ninguém pra trocar o diretor ou qualquer um outro”, afirmou o chefe do executivo federal.
Durante o pronunciamento, o presidente ainda citou o caso Marielle Franco e o trabalho da Polícia Federal na investigação de Adélio Bispo de Oliveira, responsável pela facada que levou na cidade de Juiz de Fora, durante a campanha eleitoral em 2018. “A PF se preocupou mais com Marielle do que o senhor Jair Bolsonaro. Me desculpe, senhor ministro, o meu tá bem mais fácil de solucionar. Afinal, o autor foi preso em flagrante delito”, disse se referindo a Adélio Bispo.
Bolsonaro afirmou ainda que Moro teria aceitado a demissão de Valeixo em troca de uma indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: ‘Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que o senhor me indicar para o STF'”. Por meio de publicação em uma rede social, após o pronunciamento do presidente, Moro negou o uso da nomeação ao STF como moeda de troca.
Peculiaridades
O pronunciamento, que teve meia hora de improviso e mais de 30 minutos da leitura de um texto de três páginas, contou com um paredão de ministros do governo Bolsonaro e a presença do vice-presidente, Hamilton Mourão. Como é usual nos atos oficiais, um tradutor de libras também estava lá. O profissional e sua tradução do discurso para a língua de sinais rendeu fotos interessantes, especialmente quando o presidente fez uso da palavra “escrotizar”.
Além disso, também fizeram parte do grupo o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, e a deputada Federal Carla Zambelli, que mais tarde teve suas conversas com Moro vazadas no Jornal Nacional. Entre as ausências na equipe ministerial, Regina Duarte, responsável pela Cultura, foi uma das mais notadas. No entanto, foi o visual do ministro da Economia ao destoar dos colegas que virou destaque. Ele era o único sem paletó, usava máscara e a dúvida se usava ou não sapatos despertou a curiosidade de muitos nas redes sociais. Por fim, descobriu que estava com um tipo de tênis moderno.
Revelações no Jornal Nacional
Ainda na sexta-feira (24/04), à noite, o Jornal Nacional divulgou mensagens trocadas via Whatsapp entre o ex-ministro da Justiça e Bolsonaro. Cedidas pelo próprio Sérgio Moro à equipe do JN, as conversas indicam que havia interesses políticos do presidente com a saída de Valeixo. Foram mostradas também as mensagens entre a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e o ex-ministro, entre as quais, uma em que ela dizia que apoiava a indicação dele ao Supremo Tribunal Federal.
Já na conversa entre o presidente e Moro, havia uma em que Bolsonaro enviava o link de uma matéria do site “O Antagonista” sobre a investigação de deputados aliados ao governo. Em seguida, Bolsonaro escreveu: “Mais um motivo para a troca”.
Foto de capa: Avoador